Tudo começou com promessas de amizade, apoio financeiro e afinidade ideológica. Musk chegou a integrar o Governo de Trump como responsável pela modernização da administração pública, num cargo que muitos viam como simbólico, mas estratégico. No entanto, os elogios deram rapidamente lugar à desilusão.

Na passada quinta-feira, 5 de junho, Elon Musk lançou uma verdadeira bomba: acusou Trump de estar ligado aos ficheiros confidenciais do caso Jeffrey Epstein, o milionário acusado por tráfico sexual de menores. “Está na altura de largar a verdadeira bomba: Donald Trump está nos ficheiros Epstein. Essa é a verdadeira razão pela qual eles não foram tornados públicos”, escreveu Musk na rede social X, da qual é dono.

A resposta do presidente norte-americano não tardou. Trump apelidou Musk de “louco” e anunciou que irá cortar milhões em apoios e contratos estatais às empresas do empresário. “A forma mais simples de poupar milhões no orçamento é cancelar os subsídios a Elon”, escreveu na sua plataforma, Truth Social.

Rapidamente, o ex-responsável pelo Departamento de Eficiência Governamental acusou o líder dos EUA de “ingratidão”, garantindo que, sem a sua ajuda, o republicano não teria voltado à Casa Branca.

O bilionário chamou “falso” a Trump e negou ainda saber dos detalhes do projeto fiscal enviado ao Congresso. “Elon e eu tivemos uma grande relação. Não sei se a voltaremos a ter”, apontou Trump, desvalorizando o apoio de 250 milhões de euros para a sua eleição.

A cronologia do fim do ‘bromance’

4 de junho - dois dias após a saída de Musk da DOGE

Musk atacou o novo projeto de lei orçamental apresentado por Trump, que pode aumentar o défice federal em quase 3,8 mil milhões de dólares. O bilionário classificou-o de “abominação nojenta”, dizendo-se envergonhado por quem votou a favor.

5 de junho - Conferência de imprensa de Trump e Merz

Durante uma conferência de imprensa conjunta com o chanceler alemão Friedrich Merz, Trump disse estar “muito desiludido” com Musk, acusando-o de agir por despeito após saber que o mandato federal para os carros elétricos tinha sido cancelado.

Musk, por sua vez, garantiu que nunca teve acesso ao conteúdo do projeto de lei. E afirmou que, sem ele, Trump não teria regressado à Casa Branca.

Trump respondeu na sua própria plataforma social Truth que Musk tinha simplesmente perdido a cabeça. "Elon ficou 'cansado', pedi-lhe para se ir embora, retirei-lhe o mandato de VE que obrigava toda a gente a comprar carros elétricos que mais ninguém queria (ele sabia que eu ia fazer isto há meses!)"

Foi então que Elon Musk se tornou muito pessoal. Escreveu no X que Donald Trump era mencionado nos ficheiros de Epstein, o criminoso sexual condenado por recrutar jovens menores de idade para participar em atos sexuais com pessoas famosas.

Para já, nenhuma das acusações foi formalmente confirmada ou investigada, mas a guerra entre Trump e Musk está declarada.