Quando um ente querido morre, a última coisa que podemos fazer por ele é garantir que tem uma despedida digna. Os clientes da funerária Sunset Mesa, no Colorado, Estados Unidos, achavam que podiam contar com o estabelecimento para isso – até que descobriram que a dona e respetiva mãe vendiam partes dos corpos dos cadáveres sem permissão das famílias, dando-lhes cinzas falsas em troca.

Megan Hess estava à frente da gerência do estabelecimento e Shirley Koch, a mãe, é que tratava das questões da cremação e da tanatopraxia, um processo que retarda a decomposição do cadáver e nos permite vê-lo com melhor aspeto durante o funeral. Mas a dona da funerária também tinha um outro negócio, que consistia na doação à ciência de partes dos corpos dos falecidos a troco de dinheiro, segundo o "Mirror".

Os familiares podiam negociar um desconto nos custos do funeral, caso decidissem doar alguma coisa, que podia ir de amostras de pele e tumores a membros, passando até por corpos inteiros. Isto porque, tendo em conta que o custo médio de uma cremação na Sunset Mesa rondava os mil dólares (pouco mais de 900€), sempre era uma ajuda – e, por vezes, se houvesse alguma doação, Megan Hess até se oferecia para cremar os corpos gratuitamente.

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Mas já dizia o eco popular: "quando a esmola é grande, o pobre desconfia". É que havia vezes em que estas mulheres, mesmo sem o consentimento das famílias dos falecidos, acabavam por doar algumas partes dos restos mortais, dando-lhes cinzas falsas, que eram uma mistura de diferentes corpos e, por vezes, cimento. Estima-se que mais de 500 corpos tenham sido dissecados ilegalmente, de acordo com o "The Denver Post".

Em 2018, esta família esteve sob escrutínio, depois de a "Reuters" publicar uma investigação, feita ao longo de dois anos, sobre este negócio de venda de partes do corpo nos Estados Unidos, que se afigura como uma indústria vasta e não regulamentada. Foi neste processo que falaram com funcionários da Sunset Mesa, que confirmaram o que acontecia lá dentro – e o FBI descobriu que Megan Hess ganhava muito dinheiro, uma vez que vendia os membros dos falecidos a empresas do outro lado do globo, como na Arábia Saudita.

A dupla foi presa em 2020 e quando a notícia se espalhou. Embora esta não fosse uma prática ilegal, a mãe e a filha foram acusados ​​de fraude e transporte ilegal de materiais perigosos. Shirley Koch, que ficava com o trabalho duro de desmembramento, foi condenada a 15 anos de prisão e Meghan Hess levou mais cinco que a mãe.