Alfred Chestnut, Ransom Watkins e Andrew Stewart passaram os últimos 36 anos na prisão por alegadamente terem cometido um crime quando ainda eram adolescentes. O caso remonta a 1983, quando um miúdo de 14 anos, DeWitt Duckett, foi assassinado a tiro no corredor da Harlem Park Junior High School, Baltimore, Estados Unidos.
Na altura, os jovens tinham entre 16 e 17 anos e frequentavam outra escola em Baltimore. O homicídio aconteceu quando Alfred, Ransom e Andrew visitavam a Harlem Park Junior High School para falar com alguns professores. No entanto, alegaram sempre ter saído do estabelecimento de ensino 30 minutos antes da morte de Duckett, expulsos pelo segurança da escola.
A acusação descartou esta informação, alegando que os jovens tinham sido vistos nos corredores no momento em que aconteceu o homicídio. Além disso, na casa de Chestnut foi encontrado um casaco de Georgetown, igual ao de Duckett. A mãe do jovem tinha o recibo do casaco e apresentou-o, mas não foi o suficiente para os três serem ilibados.
Em maio deste ano, Chestnut, 52 anos, solicitou à Procuradoria do Estado a revisão do caso, após a abertura da Unidade de Integridade da Condenação — que ajuda a libertar pessoas inocentes que foram condenadas por crimes que não cometeram. O caso voltou a ser investigado pela unidade e foram apresentadas novos testemunhas que afirmam que o verdadeiro criminoso era Michael Willis, que entretanto já morreu.
Já na altura em que ocorreu o crime, este nome tinha sido indicado como o possível culpado — tanto que foi visto com casaco igual ao de Duckett naquela noite. As autoridades, porém, continuaram a defender que os verdadeiros culpados eram Alfred, Ransom e Andrew. Numa entrevista realizada a Chestnut, em 1988, cinco anos depois de ser preso, um dos responsáveis pela condenação, Donald Kincaid, afirmou: "Tenho dois ataques contra si: é negro e eu tenho um distintivo", cita o "Daily Mail".
Na passada segunda-feira, 18 de novembro, os três homens foram libertados ao final da tarde, após 36 anos de prisão.
"Aos 16 anos, eles colocaram-me numa prisão com um bando de animais. As coisas pelas quais tive que passar foram uma tortura. Não há outra maneira de descrevê-lo", disse Ransom Watkins ao "The Washington Post". Já Alfred Chestnut referiu: "Sinto que todos estes anos tenho vindo a dizer a mesma coisa. Finalmente, alguém ouviu o meu choro. Agradeço a Deus e Marilyn Mosby. Ela está a trabalhar muito com pessoas na minha situação".
Desde 2015, a Unidade de Integridade da Condenação de Mosby já libertou nove pessoas que foram condenadas injustamente.“Faremos tudo que estiver ao nosso alcance, não apenas para libertá-los, mas também para apoiá-los à medida que se reinserem na sociedade” , afirmou a procuradora do estado Marilyn J. Mosby, quando visitou os homens na prisão, cita o "Daily Mail".