Ao quarto dia de ofensiva russa, os militares ucranianos perdem o controlo de Kiev. À hora de publicação deste artigo, as sirenes soam na capital e a SIC Notícias confirma que já ninguém pode entrar ou sair da cidade, atualmente, sob possibilidade de ataque aéreo e registo de explosões.
Segundo o "The Guardian", o presidente da câmara de Kiev, Vitali Klitschko, disse que a capital está cercada e que não será possível uma evacuação de civis porque "todos os caminhos estão bloqueados". "Estamos à beira de uma catástrofe humanitária", disse à Associated Press, citada pela mesma publicação. "Por agora temos eletricidade, água e aquecimento nas nossas casas. Mas a infraestrutura para entregar comida e medicamentos está destruída."
Lviv encontra-se, em simultâneo, na mesma situação e a tensão intensifica-se em todo o território ucraniano, depois de Putin lançar a cartada de ameaça nuclear. Ainda assim, a hipótese de Rússia cessar fogo continua em cima da mesa e os dois países vão mesmo dar início a negociações.
Durante a tarde deste domingo, 27 de fevereiro, o presidente russo, Vladimir Putin , ordenou que as forças nucleares russas fossem postas em alerta máximo, como resposta a alegadas "declarações agressivas" que ouviu e leu por parte da NATO, somadas a sanções "ilegais" e "hostis" decretadas (ou até prometidas) pelo Ocidente.
"Altos membros dos países que lideram a NATO (...) permitiram declarações agressivas contra o nosso país, por isso ordenei ao ministro da Defesa e ao chefe do Estado Maior General para transferirem o nível de dissuasão das forças do Exército russo para o nível especial de combate", avançou Putin.
O alerta foi dado pelas autoridades ucranianas, depois de o presidente russo ter decretado a ordem durante uma reunião com o ministro da Defesa, Serguei Shoigu, e o chefe do Estado Maior General das Forças Armadas russas, o general Valeri Gerasimov. Confirma a agência de notícias russa TASS, citada pelo jornal "Público".
Afinal, Ucrânia e Rússia vão mesmo reunir junto à fronteira com a Bielorrússia
A hipótese de negociações está em cima da mesma praticamente desde o arranque do conflito, mas Volodymyr Zelensky ainda não havia aceitado, por considerar que o encontro devia acontecer em terreno neutro — e não na Bielorrússia, um território que assume como hostil à Ucrânia. Mas este domingo, 27, acabou por ceder.
Putin deu até as 12h00 (hora de Lisboa) para a Ucrânia dar resposta face à realização de negociações na Bielorrússia e, duas horas depois desse prazo, é então confirmada a notícia de que vai mesmo haver um encontro entre delegações russa e ucraniana, na fronteira da Ucrânia com a Bielorrússia, perto de Chernobyl, avança o "Diário de Notícias".
No entanto, já depois desta confirmação, Volodymyr Zelensky falou à nação e avançou que não acredita que a reunião seja conclusiva.
"Sinceramente, como sempre, direi que não acredito no resultado desta reunião, mas vamos tentar para que nenhum cidadão ucraniano duvide minimamente que eu, como presidente, não tentei acabar com esta guerra quando houve sequer uma possibilidade mínima", disse.
Portugal fecha o espaço aéreo a aviões russos
As sanções à Rússia de Putin acumulam-se e, este domingo, 27, foi a vez de Portugal assumir uma posição face à livre circulação de aviões russos em território nacional.
"Portugal vai fechar o seu espaço aéreo a companhias de aviação da Rússia. Tomamos esta medida em articulação com os nossos parceiros europeus e em resposta à agressão da Rússia contra a Ucrânia", pode ler-se numa publicação do Ministério dos Negócios Estrangeiros, na rede social Twitter.
De acordo com o "Jornal de Notícias", Portugal segue assim a tomada de posição de vários países europeus. Com a ressalva de que se trata de uma decisão individual de cada governo, já se sabe que, até à data, mais de 15 países da UE já fecharam o seu espaço aéreo à aviação russa, entre os quais Reino Unido, França, Itália, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo, Dinamarca, República da Irlanda, República Checa, Polónia, Alemanha, Bulgária, Estónia, Letónia, Lituânia e Finlândia.
Zelensky ligou a Marcelo
Volodymyr Zelensky ligou este domingo a Marcelo Rebelo de Sousa, durante a tarde desta domingo, 27. Marcelo aproveitou a ligação telefónica para reiterar a "condenação veemente" e o "apoio solidário" de Portugal face à Ucrânia e o presidente ucraniano fez questão de agradecer publicamente.
"O Presidente da República reiterou a condenação veemente de Portugal e o apoio solidário à corajosa resistência ucraniana. Apoio esse cuja concretização tem sido efetivada pelo Governo, nomeadamente através dos ministérios competentes. Sublinhou igualmente o papel da excecional comunidade ucraniana em Portugal", lê-se na nota da Presidência da República, citada pela CNN Portugal.
Minutos depois, o Twitter foi palco de um agradecimento especial, redigido pelo presidente ucraniano.
Em Lisboa, milhares de pessoas mostram-se solidárias com a Ucrânia
Este domingo, 27, em Lisboa, tanto a Praça do Comércio como a Embaixada da Rússia foram palco de uma manifestação solidária face à situação da Ucrânia.
De acordo com o "Diário de Notícias", milhares de pessoas marcaram presença entre gritos de "glória à Ucrânia" e "salvem a Ucrânia", cartazes e bandeiras do país. Os manifestantes, sobretudo da comunidade ucraniana em Portugal, pediram o fim da invasão da Ucrânia pela Rússia, lê-se.
À semelhança do que aconteceu esta tarde, em Lisboa, as redes sociais dão contam de manifestações solidárias semelhantes espalhadas pela Europa.