A informação foi transmitida à imprensa pelo porta-voz do governo britânico. Boris Johnson foi internado na tarde de segunda-feira, 6 de abril, na unidade de cuidados intensivos do hospital de St. Thomas, em Londres, depois de o seu estado de saúde se ter deteriorado como consequência direta da infeção por COVID-19.
"No decurso desta tarde, a condição do primeiro-ministro agravou-se e, sob conselho da sua equipa médica, foi transferido para a unidade cuidados intensivos do hospital (...). O primeiro-ministro está a receber cuidados excelentes, e agradece a todos os trabalhadores do NHS [o Serviço de Nacional de Saúde do Reino Unido] pelo seu esforço e dedicação", avançava o comunicado.
O internamento na unidade de cuidados intensivos surge dez dias depois do diagnóstico que foi comunicado ao país por um Boris Johnson tranquilo e sereno.
Apesar de continuar sob vigilância rigorosa, as declarações de Michael Grove, do Conselho de Ministros britânico, dão a conhecer que o primeiro-ministro terá recebido "apoio de oxigénio", mas que, apesar disso, o seu estado não requereu que fosse ligado a um ventilador.
Mas como é que, em apenas de dez dias, se passa de um quadro clínico estável e saudável para o internamento na unidade dos cuidados intensivos e em risco de vida?
27 de março, o anúncio do diagnóstico
Depois de sempre se ter mostrado despreocupado quanto à gravidade da pandemia e de ter rejeitado medidas como o distanciamento físico, Boris Johnson dirigiu-se ao país através de um vídeo e no qual confirmou que tinha testado positivo para o novo coronavírus.
Mostrou-se calmo e tranquilo quanto ao diagnóstico, dizendo ter sentido apenas sintomas ligeiros no corpo como alguma febre. Apesar de tudo, mostrou-se confiante e afirmou que continuaria a liderar o governo a partir de casa.
28 de março, Secretário de Estado dos Negócios fala aos jornalistas
Segundo o jornal britânico "The Guardian", Alok Sharma, secretário de Estado dos Negócios, reforçou aos jornalistas aquelas que tinham sido as informações adiantadas pelo primeiro-ministro: "Posso ser absolutamente sobre isto: o primeiro-ministro têm sentido sintomas leves e está a liderar a resposta ao vírus pela linha da frente."
30 de março, o agravamento dos sintomas
Terá sido a partir desta data que os sintomas de Boris Johnson se começaram a agravar. Segundo várias fontes anónimas e citadas pelo jornal "The Guardian", estas garantem que, apesar de o primeiro-ministro continuar estável e a trabalhar a partir do seu apartamento em Downing Street, Londres, Boris Johnson passou "a tossir muito durante as videochamadas".
1 de abril, o incentivo ao distanciamento físico
Depois de ter feito saber que se recusava a adotar medidas de distanciamento físico (e até ter afirmado que tinha estado em hospitais a apertar a mão de doentes), o primeiro-ministro britânico voltou a dirigir-se ao país através de um vídeo publicado nas redes sociais.
Seis dias depois de ter testado positivo para COVID-19, Boris Johnson recomendou que todas as pessoas ficassem em casa, especialmente aqueles que apresentassem sintomas como os seus. "Ainda que esteja sequestrado em casa, estou capaz de estar em contacto constante com os meus funcionários e estou absolutamente confiante de que vamos ultrapassar isto juntos."
2 de abril, porta-voz do governo nega agravamento de sintomas
Questionado por jornalistas sobre o agravamento de saúde de Boris Johnson, um porta-voz do governo garantiu que o primeiro-ministro continuava com "sintomas ligeiros". Nesse mesmo dia à noite, Johnson surge à janela para se juntar à iniciativa de bater de palmas por todos os funcionários do sistema nacional de saúde britânico.
Segundo o "The Guardian", são várias as fontes que dizem que, nesta altura, o primeiro-ministro parecia estar mal — numa altura em que estava previsto que quebrasse o protocolo de isolamento na sexta-feira, a 3 de abril.
3 de abril, fim de isolamento negado por febre persistente
Apesar dos planos de quebrar o isolamento, a quebra foi-lhe negada pelas autoridades de saúde uma vez que Boris Johnson continuava com febre. Através de um vídeo publicado no Twitter, o primeiro-ministro revelou que apesar de se sentir melhor, iria manter-se isolado"
Fontes oficiais insistem que Johnson apenas regista "sintomas ligeiros".
4 de abril, mulher Boris Johnson revela ter sentido sintomas de COVID-19
Segundo o mesmo jornal, foi no sábado, 4 de abril, que Carrie Symonds, mulher do primeiro-ministro, de quem está grávida, revelou ter sentido sintomas do novo coronavírus.
Nesse mesmo dia, o tabloide "Daily Mail" avança com a informação, confirmada por várias fontes próximas ao primeiro-ministro, de que a persistência em continuar a liderar o país pode estar a retardar a recuperação.
"Ele não tem descansado o suficiente e continua a liderar o país. Obviamente, isso está a abrandar o processo de recuperação. Ele precisa de ir para a cama", referiu uma fonte ao tabloide, citado pelo "The Guardian".
5 de abril, Boris Johnson sujeito a novos testes
Matt Hancock, secretário da Saúde, revela à Sky News que tem falado com Boris Johnson "várias vezes ao dia" e que, apesar de se encontrar estável, continua a acusar febre. Ao final do dia, o primeiro-ministro é admitido no hospital para novos testes como medida de prevenção depois de os sintomas persistirem dez dias depois do diagnóstico.
6 de abril, Johnson é internado nos cuidados intensivos
Na manhã de segunda-feira, 6 de abril, uma porta-voz do governo, questionada pelos jornalistas sobre o estado de saúde de Boris Johnson, garante que "o primeiro-ministro continua em bom estado de espírito" e avançou que qualquer mudança iria ser comunicada ao país. Garantindo, apesar disso, que continuava com tosse e febre 11 dias depois de ter acusado os primeiros sintomas.
A meio do dia, Boris Johnson revelou que continuava a liderar o país mesmo no hospital. Na imprensa, multiplicavam-se os rumores de que o governante poderia ter desenvolvido pneumonia, mas a confirmação oficial nunca chegou.
Ao final do dia, um porta-voz do governo comunicou aos jornalistas que o estado de saúde de Johnson tinha piorado durante a tarde e que, por recomendação médica, "o primeiro-ministro tinha sido internado na unidade de cuidados intensivos do hospital."