Imane Khelif, pugilista argelina de 25 anos, exibiu um novo visual nas redes sociais depois de ter sido alvo de uma grande polémica nos Jogos Olímpicos de Paris sobre a sua aparência. A atleta, que por muitos foi considerada um homem durante a competição e dizia-se até que estava a competir na categoria errada, mostrou uma outra faceta da sua vida ao publicar um vídeo onde aparenta estar com um novo visual, e a grande maioria dos comentários foi a elogiar a beleza da atleta. 

De homem trans a intersexo. Pugilista argelina é criticada depois de combate nos Jogos Olímpicos (perceba porquê)
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Num primeiro momento, Imane Khelif, que conquistou a medalha de ouro nos Jogos na categoria de menos de 66 quilos, aparece vestida com roupa de treino e com as suas luvas vermelhas, como se estivesse pronta para entrar no ringue. No entanto, numa transição, o seu visual rapidamente muda para uma camisola com um padrão floral e umas argolas nas orelhas, assim como uma maquilhagem mais cor de rosa e cuidada. A página que também publicou o vídeo, Beauty Code, explicou o porquê da mudança na legenda, dizendo que a aparência da pugilista não deveria ser julgada de que maneira fosse.

“Para conquistar a medalha, a Imani não perdeu tempo em salões de beleza ou a ir às compras. Ela nunca sentiu a necessidade de se identificar com os padrões de beleza da sociedade”, começaram por escrever. “A mensagem dela é muito mais profunda: as roupas não te fazem um monge, e a aparência não revela a essência de uma pessoa. A Imane pode ser feminina e elegante quanto quer sê-lo, mas dentro do ringue ela não precisa de maquilhagem ou de saltos altos. A Imane apenas precisa de estratégia, força, e de dar uns golpes, que é onde a essência da sua personalidade está”, acrescentaram.

Além disso, a página deixou também claro que “assim como um bigode não define um homem, porque até os besouros os têm, os vestidos, as extensões e a maquilhagem não definem uma mulher”, e que Imane Khelif é “linda”. “Não por estar arranjada neste vídeo, mas sim porque ela é simplesmente linda”, finalizaram. Nos comentários, foram vários os utilizadores que deixaram uma mensagem de apoio, escrevendo  que a pugilista era "muito bonita" e que merecia um pedido de desculpas de todos aqueles que lhe desejaram mal.

A polémica em torno do género de Imane Khelif surgiu quando, a 1 de agosto, a pugilista italiana Angela Carini desistiu do combate entre as duas ao fim de uns segundos nos Jogos Olímpicos de Paris. A italiana considerou o soco da argelina “demasiado forte”, tendo expressado que a vitória de Imane não era justa, uma vez que a atleta, alegadamente, “era um homem” e estava a atuar na competição errada. Esta afirmação chocou o mundo e muitos começaram a dizer que Imane Khelf não pertencia ali e que devia ser expulsa dos Jogos Olímpicos. 

No entanto, o que alegadamente acontece é que Imane Khelif tem apenas elevados níveis de testosterona, hormona que as mulheres também produzem naturalmente, uma vez que não é exclusiva ao sexo masculino. Uma mulher pode ter, inclusive, níveis altos de testosterona, uma condição conhecida como hiperandrogenismo – e isso não faz dela um homem. Além disso, ao contrário do que se tem especulado, nem sequer há dados que comprovem que a atleta é intersexo e que nasceu com os cromossomas XY, tipicamente masculinos, diz o "The Independent".