Donald Trump tem um grande rival pela frente na corrida à presidência dos EUA. O republicano Ron DeSantis, atual governador da Flórida, anunciou, em finais de maio, a sua candidatura à Casa Branca e desde então que é apontado como o principal rival de Donald Trump nas primárias do partido a que pertencem. O governador formalizou a sua candidatura através de um evento no Twitter, organizado pelo próprio Elon Musk, durante o qual prometeu "liderar o grande regresso americano". O que é que isto quer dizer? Ninguém sabe a não ser Ron DeSantis.
Mas afinal, quem é DeSantis? Quais a probabilidades de conseguir a nomeação pelo partido Republicano em vez de Donald Trump? No que é que acredita e o que defende? Tem ideologia? Mostramos-lhe um bocadinho do percurso daquele que beneficiou da sua proximidade com Trump.
Apesar da rivalidade, Ron DeSantis e Donald Trump têm várias semelhanças
Ron DeSantis lidera o seu cargo com ideologias conservadoras e percorreu os jornais devido à sua oposição constante às medidas que foram implementadas no país para prevenção e proteção da população durante a pandemia causada pela COVID-19. O político manifestou-se contra a obrigatoriedade do uso de máscaras e contra a vacinação obrigatória e esforçou-se para manter os destinos turísticos de Flórida em funcionamento durante a pandemia.
A figura política afirmou em várias ocasiões querer lançar uma guerra contra a cultura “woke”, como pode ler neste artigo, e tem sido persistente na crítica de políticas de imigração. Também se destacou por pressionar a censura de temas e obras relacionados com identidade de género e racismo sistémico nas escolas públicas, e por defender projetos de lei que proíbem medicamentos e terapias hormonais para crianças.
No geral, Ron DeSantis luta contra o que considera serem políticas demasiado progressistas.
Está a subir a escada política. Será que chega à Casa Branca?
Donald Trump está atualmente a enfrentar processos criminais e civis acerca da sua conduta com várias mulheres, investigações sobre os seus negócios, retenção de documentos confidenciais e tentativa de descredibilização da eleição de 2020 – situação que resultou no ataque de 6 de janeiro ao Congresso.
Foi neste cenário de escrutínio público que Ron DeSantis ganhou protagonismo entre os meios de comunicação e de comentário político, também por contestar publicamente as decisões de Donald Trump ao longo do seu mandato. Nas sondagens de novembro de 2022, o governador encontrava-se com uma larga vantagem em relação a outros candidatos, como o ex-vice-presidente, Mike Pence, e a ex-governadora da Carolina do Sul, Nikki Haley.
Há quatro anos, Ron DeSantis foi eleito governador de Flórida com uma diferença de 1% sobre o seu adversário, o democrata Andrew Gillum. Após o mandato em que o governador se estabeleceu com uma gestão conservadora, nomeadamente ao limitar direitos de pessoas trans e restrições da pandemia de COVID-19, acabou por conquistar a reeleição com uma margem confortável.
Neste contexto, começou a especulação se o político aproveitaria este trampolim para lançar uma possível campanha presidencial, e assim foi. Pode saber mais sobre a evolução do candidato nas eleições aqui.
Ensinou num colégio privado e fez de “advogado do diabo”
Ron DeSantis recebeu uma educação da Ivy League, sendo que se licenciou de um curso de história em Yale, em 2001. Depois de terminar o curso, lecionou brevemente na escola Darlington, um colégio interno em Geórgia, e num artigo do “The New York Times” publicada em novembro de 2022, um ex-aluno da escola revelou que, enquanto ensinava história da guerra civil, Ron DeSantis tentou “fazer de advogado do diabo” ao afirmar que “o Sul tinha boas razões para lutar naquela guerra, matar pessoas e comprar outras”, tudo isto sobre “pessoas negras".
Depois de Darlington, Ron DeSantis frequentou a Harvard Law School e formou-se em 2005 com menções honrosas, de acordo com o “The Guardian”.
Passou de professor a advogado, e depois a procurador
Depois da licenciatura, Ron DeSantis prosseguiu com a carreira de advogado. Mais tarde, foi destacado para o campo de prisioneiros militares da Baía de Guantánamo, em Cuba, onde monitorizou o tratamento dos detidos, e depois foi destacado para o Iraque como “conselheiro” de uma equipa das forças especiais da Marinha dos EUA.
O candidato à presidência trabalhou também como procurador adjunto dos EUA, na Flórida, até à sua candidatura para um lugar no Congresso dos EUA, em 2012, seguida da candidatura a governador em 2018, conta a “Renascença”.
Chegou a governador de Flórida com a ajuda de Trump
Ron DeSantis ainda não era muito conhecido no estado da Flórida quando se candidatou ao cargo de governador, mas acontece que conseguiu o apoio de Donald Trump e, por consequência, venceu a eleição com uma pequena margem de diferença para a oposição.
Face a esta conquista, Donald Trump considerou a candidatura de Ron DeSantis à presidência uma demonstração “desleal”, e desde então tem lançado vários comentários na direção de DeSantis.
Tem um conflito com a Disney
Após a criação da lei intitulada de “não digas gay” (“don’t say gay”), a Walt Disney manifestou a sua oposição à tentativa de proibir, nas salas de aula de Flórida, assuntos relacionados com a orientação sexual e a identidade de género.
A Disney World viu o seu distrito em Orlando (atribuídos pelas autoridades em 1960) sob ameaça, quando o governador reuniu uma equipa para o administrar e assumiu novos poderes que lhe permitem nomear membros do conselho de desenvolvimento que supervisiona o parque temático. Neste seguimento, a Disney meteu em prática uma ação judicial para denunciar o facto de a Administração ter assumido o controlo do parque de diversões como parte de "uma campanha de retaliação política" por parte do candidato. Assim, Ron DeSantis, que se casou na Disney World, continua envolvido num conflito com a empresa.
Viu o seu arranque de campanha marcado por falhas técnicas
O comunicado do governador foi feito no Twitter e ficou marcado pelas dificuldades de ligação à rede social devido a alegados "problemas nos servidores", apesar de ser organizado por Elon Musk. Aquele que seria o primeiro evento da campanha tornou-se num alvo de ridicularização, inclusive pelo próprio Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que fez um tweet com o seu link de angariação de fundos para a campanha política a afirmar que “este link funciona”.