A paz continua longe e avizinham-se semanas difíceis na Ucrânia. Segundo o mistério da Defesa britânico, os russos vão voltar a atacar Kramatorsk e vão ter novos focos nas próximas duas a três semanas: Donetsk e Luhansk, e ainda Kherson e Mykolaiv.

O cenário não é animador, ainda para mais quando alguns ataques feitos até ao momento são classificados como crimes de guerra, que estão sob investigação. Está ainda a ser apurado se a Rússia realmente recorreu a armas químicas em Mariupol, como foi relatado, e poderão provar três casos de envenenamento.

Além da ajuda internacional que está a ser dada na investigação dos crimes de guerra, Portugal anunciou que vai enviar “em breve” mais de 99 toneladas de material médico e militar, avançou esta segunda-feira, 11, a ministra da Defesa, Helena Carreiras, no Twitter. É um avanço, mas insuficiente à escala do que a Ucrânia precisa, nas palavras do presidente Volodymyr Zelensky.

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“Não estamos a receber o que precisamos para acabar com esta guerra rapidamente”, afirmou esta segunda-feira à noite num vídeo em que se dirige ao país e ao mundo. Contudo, e apesar de muitos especialistas, políticos e comentadores da guerra dizerem que o conflito pode durar meses ou anos, Zelensky mantém sempre uma mensagem de esperança de que o fim está próximo.

"Esta vergonhosa invasão que está gradualmente a eliminar a Rússia das relações internacionais, está a chegar ao fim", começou por dizer. "É apenas uma questão de tempo até que o exército russo, com as suas próprias ações e crimes de guerra, force o mundo a renunciar todos os laços com a Federação Russa", disse ainda na comunicação publicada no Facebook.

Fazemos um ponto de situação do 48.º dia da invasão russa na Ucrânia.

Rússia poderá ter recorrido a armas químicas em Mariupol

Mariupol tem sido uma das cidades ucranianas mais atacadas pela Rússia e os números mostram isso mesmo. Já morreram mais de 10 mil civis às mãos das tropas russas e, segundo o presidente da câmara da cidade, Vadym Boychenko, em entrevista à agência Associated Press (AP), citado pelo "Diário de Notícias", o número pode ultrapassar os 20 mil. Muitas das vítimas foram colocadas em equipamentos móveis de cremação levados para a cidade portuária pelos russos para descartar os corpos que vão "preenchendo as estradas", refere ainda o autarca.

Esta terça-feira será dada mais uma oportunidade aos habitantes de Mariupol para saírem da cidade através do corredor humanitário (um dos nove que serão abertos ao 48.º dia de guerra), embora tenham de o fazer por meios de transporte privados.

Ainda sobre Mariupol, está a ser investigado o alegado uso de armas químicas através de um drone que terá sobrevoado a cidade, acusou o líder do batalhão Azov, Andriy Biletsky, no jornal "Kyiv Independent", conforme cita o "Observador". Há suspeitas de envenenamento de três pessoas, que sentiram falta de ar e problemas de coordenação motora, devido à inalação das armas químicas. O Reino Unido já começou uma investigação sobre o alegado ataque.

Entretanto, as forças separatistas pró-Rússia da região de Donetsk já vieram negar o uso de armas químicas na cidade, avança a agência de notícias bielorrussa Interfax, citada pela Reuters, segundo a CNN Portugal.

Crimes de guerra sob investigação

Um total de 6.036 casos crimes de guerra estão a ser investigados, avançou esta terça-feira o gabinete Ministério Público ucraniano no Twitter. Dos alegados crimes relatados até ao momento, resultaram a morte de 186 crianças.

Para ajudar nas investigações, a França enviou para a Ucrânia uma equipa com duas dezenas de oficiais da polícia e investigadores forenses. A unidade já está em Lviv, como mostra uma imagem partilhada pelo embaixador francês na Ucrânia, e deverá chegar já esta terça-feira aos locais dos alegados crimes de guerra.

A ajuda para condenar os autores dos crimes de guerra vem de todo o lado e, além da França, foi anunciado na manhã desta terça-feira que a Alemanha, os Países Baixos e a Suécia doaram 2,5 milhões de euros para ajudar na investigação.

Situação de guerra pode piorar nas próximas semanas

O alerta foi dado pelo Reino Unido: "Os combates no leste da Ucrânia vão intensificar-se nas próximas duas a três semanas, considerando o reforço de meios da Rússia no local”, disse o ministério da Defesa britânico no último ponto de situação partilhado no Twitter esta terça-feira.

O ministério aponta ainda para dois principais focos dos ataques russos, as regiões de Donetsk e Luhansk e ainda Kherson e Mykolaiv, bem como um “impulso renovado em direção a Kramatorsk”.