Depois de retirar-se da prova coletiva de ginástica artística e da prova individual nos Jogos Olímpicos de Tóquio, Simone Biles, a ginasta americana de 24 anos mais premiada da história dos EUA, retirou-se também da prova no cavalo e das paralelas assimétricas. A notícia foi conhecida na manhã deste sábado, 31 de julho, através de um comunicado oficial emitido pela Federação de Ginástica dos EUA.
"Após consulta com a equipa médica, Simone Biles decidiu retirar-se das finais no cavalo e nas paralelas assimétricas", pode ler-se na nota. No mesmo comunicado, a organização fez saber que a atleta vai continuar a ser "avaliada diariamente" com o objetivo de se determinar se Biles competiria nas finais de trave e do solo.
Simone Biles abriu a porta para a importância do diálogo sobre a saúde mental dos atletas de alta competição quando, na terça-feira, 27, decidiu retirar-se da final coletiva de ginástica artística — desfalcando a equipa americana — para se focar na sua saúde mental e bem estar.
Ainda que, inicialmente, se teorizasse que a não comparência nas provas tinha que ver com problemas físicos, foi a atleta que esclareceu os motivos. "Depois da minha prestação na prova, simplesmente não queria continuar", começou por explicar em declarações à imprensa, segundo cita a BBC.
"Tenho de me focar na minha saúde mental, numa altura em que o tema é cada vez mais abordado nas modalidades. Temos de proteger as nossas mentes e os nossos corpos e não fazer aquilo que o mundo espera de nós", continuou, admitindo que, atualmente, já não se sente tão confiante.
"É uma merda quanto se luta contra a própria cabeça"
"Talvez seja um sintoma do crescimento. Houve dias em que toda a gente me mencionava [nas redes sociais] e isso faz-te sentir o peso do mundo", explica. A afirmação não vem ao acaso. A poucos dias do arranque dos Jogos Olímpicos deste ano, as expectativas sobre Biles estavam elevadíssimas.
Além de ser considerada a atleta mais medalhada de sempre em Olimpíadas e Mundiais, havia pelo menos mais dois objetivos para riscar na lista: ultrapassar as 33 medalhas do atleta Vitaly Scherbo, precisando apenas de três e com seis provas para disputar em Tóquio; e converter em ouro a medalha de bronze que recebeu em 2016 referente à prova de exercício na trave.
"Sempre que estamos numa situação de stresse elevado, acabamos por 'nos passar'. É uma merda quando se luta contra a própria cabeça", lamentou a atleta que, nestes Jogos Olímpicos, conseguiu, apesar de tudo, levar a medalha de prata para casa.
Após a saída das finais, a atleta partilhou um vídeo na sua página de Instagram, entretanto apagado, defendendo-se de algumas críticas que lhe eram feitas.
"Não desisti por ter tido uma má prestação. Tive várias más prestações na minha carreira e, ainda assim, terminei as competições. Simplesmente, fiquei tão perdida que a minha segurança e a medalha para a minha equipa ficaram em risco. Felizmente, elas [referindo-se às colegas] arrasaram e ganharam a prata. É por isso que temos quatro membros na equipa, porque todas podemos competir, não só eu", refere.