Ainda não há governo formado nem leis anunciadas, mas o regime talibã já está a implementar algumas medidas em várias regiões do Afeganistão. Na província de Ghazni, por exemplo, as mulheres passam a estar proibidas de fazer rádio ou de ocupar qualquer cargo na emissora da região. Além disso, todas as rádios vão passar a estar impossibilitadas de transmitir música, diz a agência noticiosa Pajhwok, citada pelo jornal "Público".

Este novo regime, que desde que começou a retomar o controlo sobre o país se apresentou como mais moderado face àquilo que era antes da invasão dos EUA, emitiu também uma nova diretriz para a província de Herat. O edital religioso, divulgado este sábado, 21 de agosto, diz que passa a estar proibido que homens e mulheres estudem em conjunto em quaisquer estabelecimentos de ensino da região.

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Para justificar a decisão, o responsável pelo Departamento de Educação do Emirado Islâmico do Afeganistão (EIA), o nome que o regime também adotou entre 1996 e 2001, fez saber que a educação conjunta está na base dos males que prejudicam a sociedade, escreve a mesma publicação.

Esta nova medida vai privar milhares mulheres afegãs de escolaridade, já que não há meios para que seja possível dividir as turmas de estudantes por género, cita o "Público".

No seguimento destas novas medidas, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, já fez saber que a União Europeia não vai ajudar financeiramente o Afeganistão se o regime em vigor decidir "negar os direitos às suas mulheres".

"Moderados", mas pouco

Em contraciclo com a ideia moderada que a ofensiva talibã quis projetar para o mundo após a tomada do Afeganistão, sabe-se agora que membros do grupo fundamentalista realizaram buscas nas casas de, pelo menos, quatro jornalistas no país, segundo denunciou esta quarta-feira, 18 de agosto, o Comité para a Proteção de Jornalistas (CPJ) numa nota oficial.

Além disso, sabe-se também que vários militares talibãs agrediram, pelo menos, dois jornalistas na cidade de Jalalabad enquanto cobriam uma ação de protesto contra a tomada de poder do grupo.

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"Os talibã têm de honrar o seu compromisso público de permitir o funcionamento de uma imprensa livre e independente, numa altura em que o povo do Afeganistão precisa, desesperadamente, de notícias e informações precisas", refere Steven Butler, coordenador do CPJ na Ásia.

A denúncia é feita depois de, na terça-feira, 17, o porta-voz Zabihullah Mujahid ter feito saber que, à semelhança de diplomatas e organizações não-governamentais, também os jornalistas de meios privados poderiam "continuar a trabalhar de forma livre e independente no país", ressalvando, no entanto, que "os valores islâmicos deveriam ser levados em conta".

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