Britney Spears perde em tribunal e vai continuar a ver a sua vida e património controlados pelo pai, James Spears. A decisão judicial foi conhecida esta quarta-feira, 30 de junho, pelo tribunal. "A moção para suspender, de forma efetiva e imediata, James P. Spears como único tutor foi recusada", lê-se nos documentos oficiais citados pela revista "Deadline". Pelo menos por enquanto, o pai da cantora continuará a deter o controlo do seu património, numa posição que assume há cerca de 13 anos.

Apesar da decisão, formalizada pela juíza Brenda Penny, a audiência em questão não decorre do apelo de Britney Spears, a 23 de junho, no Tribunal Superior de Los Angeles, onde falou em público, pela primeira vez, de uma tutela que considerava "abusiva". "O meu pai e todos os envolvidos nesta tutela, e na sua gestão, desempenharam um papel fundamental neste meu castigo e deveriam estar presos", disse a artista em tribunal, noticiou a Reuters, citada pelo "Público".

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Nas mesmas declarações, Spears revelou ainda ter um dispositivo anticoncepcional que quer tirar, mas cujo pedido lhe foi recusado por não lhe ser permitido sequer deslocar-se a uma clínica médica. Sobre o pai, descreve-o como "ignorante", "controlador" e de ter gostado "de cada minuto de controlo que teve" sobre si — impedindo-a, por exemplo, de arranjar as unhas ou o cabelo, ou de fazer uma massagem. "O que passei foi constrangedor e desmoralizante. Sinto-me intimidada, excluída e sozinha."

Ainda que esta nova decisão não decorra do mais recente apelo de Spears (sobre o qual a equipa de advogados da cantora terá agora de apresentar uma nova moção de recurso para que o caso siga em frente), foi tomada após a cantora ter falado pela primeira vez sobre o caso em frente a Brenda Penny que, na altura, a elogiou.

"Sei que foi preciso muita coragem. Quero elogiá-la por, realmente, dar um passo em frente e manifestar-se, para que os seus pensamentos seja ouvidos, não apenas por mim, mas por todos os que estiveram envolvidos neste caso", disse a juíza, segundo a mesma publicação.

Ainda que a cantora tivesse falado em tribunal em 2019, na altura o seu testemunho foi selado e impossibilitado de ser tornado público.

O documentário que deu uma nova força ao movimento #FreeBritney

O recuo judicial surge cerca de quatro meses depois de o documentário "Framing Britney Spears", produzido pelo "The New York Times", ter reforçado o movimento #FreeBritney ao focar-se na luta legal entre a cantora e o pai que detém o controlo sobre a carreira e o património da filha, depois de esta ter sido declarada incapaz de cuidar de si própria — um estatuto que apenas é aplicado a indivíduos que denotem um estado avançado de deterioração mental ou que sejam diagnosticados com demência.

O filme, de uma hora e 14 minutos, recupera vários momentos da vida conturbada da artista, como os internamentos em clínicas psiquiátricas e a relação com Justin Timberlake, que veio a público pedir desculpa por um sistema que, explica, "conduz ao sucesso dos homens, especialmente dos brancos".

O cantor refere-se ao momento específico em que o documentário recorda imagens e entrevistas dadas pelo próprio aquando do lançamento do single "Cry Me a River", que aborda a relação e a separação de Britney Spears.

O tema, lançado em 2002, foi visto como uma reação de Timberlake à separação de Britney Spears, e o videoclipe correspondente foi protagonizado por uma mulher com muitas semelhanças com a cantora pop. Além disso, existia uma mensagem subliminar que parecia tentar culpar Britney pelo fim da relação.

O mesmo documentário também inclui uma entrevista com Justin Timberlake, onde este admite ter tido relações sexuais com a ex-namorada, numa época em que Britney Spears falava publicamente da sua virgindade.

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"Vi as mensagens, as identificações, os comentários e as preocupações e quero responder. Estou profundamente arrependido por todas as alturas da minha vida em que as minhas ações contribuíram para o problema, quando falei quando não era oportuno ou me calei quando era altura de lutar pelo que estava correto", escreveu este sábado, 13, Justin Timberlake em resposta às imagens recuperadas pelo documentário de forma a ilustrar a relação que manteve com a cantora entre 1999 e 2002.

Além de "Framing Britney Spears", sabe-se que está já a ser feito outro sobre a cantora, exclusivamente produzido e controlado pela Netflix — ainda sem título ou data de estreia.