De acordo com dados das Nações Unidas, em 12 meses de guerra terão morrido 7.199 civis ucranianos e 11.756 ficaram feridos, a maior dos quais resultado de explosões. O organismo de cooperação internacional admite, no entanto, que estes números possam ser muito mais altos, uma vez que não é possível obter informação fidedigna das áreas invadidas. 65.000 crimes de guerra poderão ter sido cometidos durante este ano de invasão russa à Ucrânia, de acordo com o comissário europeu para a justiça.
Os números da Agência das Nações Unidas para os Refugiados revelam uma realidade ainda mais dolorosa, inédita em solo europeu desde a II Guerra Mundial. Há, neste momento, cerca de oito milhões de refugiados ucranianos espalhados por vários países europeus e estima-se que, dentro das fronteiras do país, haja 5,3 milhões de pessoas que tiveram de mudar de cidade ou mesmo de região devido ao conflito.
O dia antes do início da guerra
A 23 de fevereiro do ano passado, entre a descrença e o medo, o cenário de uma invasão russa começava a tornar-se cada vez mais uma realidade. Volodymyr Zelenskyy, eleito presidente da Ucrânia em abril de 2019 com uma esmagadora vitória de 73% dos votos, recebia no palácio Mariinskyi os presidentes da Polónia, Andrzej Duda, e da Lituânia, Gitanas Nausėda. E sublinhava que a Ucrânia estava pronta para qualquer cenário. "Só eu e o nosso exército saberemos que passos dar relativamente à defesa do nosso país. E, acreditem em mim, estamos prontos para tudo", sublinhava.
O presidente ucraniano notava que o Memorando de Budapeste (acordo político assinado em 1994 que proibia a Rússia, Reino Unido e Estados Unidos de ameaçar ou usar qualquer força militar ou coerção económica contra a Bielorrússia, o Cazaquistão e a Ucrânia) não estava a funcionar e que eram necessárias novas medidas de segurança.
"Vamos proteger a Ucrânia com o apoio dos nossos parceiros. Mas são os ucranianos que estão a morrer. É por isso que a Ucrânia precisa de garantias de segurança concretas, agora", sublinhava Zelenskyy.
"É muito importante que tenhamos o apoio dos nossos parceiros. E tendo em conta que temos 150 mil soldados russos na fronteira, nos territórios temporariamente ocupados, acredito que a Rússia deveria estar entre os países que dão garantias de segurança claras. Não é segredo para ninguém, já convidei várias vezes o presidente da Rússia para se sentar comigo à mesa das negociações, para conversarmos. Porque isto é uma questão de diálogo, não uma questão de condições", dizia Zelenskyy em fevereiro de 2022.
Um ano passou, e os dois presidentes continuam sem se sentarem à mesa das negociações. Esta quinta-feira, 23 de fevereiro, o presidente ucraniano recebeu em Kiev o primeiro-ministro de Espanha,Pedro Sánchez. O líder do governo espanhol reforçou o apoio ao país invadido pela Rússia e garantiu a contribuição de equipamento militar para o exército ucraniano (10 tanques Leopard-2, admitindo a possibilidade do envio de aviões militares).