R. Kelly vive há 20 anos em torno de polémicas relacionadas com crimes sexuais, sempre contra mulheres. A mais recente é de 11 de julho, quinta-feira, dia em que Robert Sylvester Kelly foi preso em Chicago pelo departamento policial de Nova Iorque e pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos, acusado de crimes sexuais, incluindo assédio sexual a menores, extorsão e produção de pornografia infantil, avançou a procuradoria dos Estados Unidos, em Chicago. Procuradores de Nova Iorque e do Estado de Illinois revelaram que o cantor de 52 anos enfrenta um total de 13 novas acusações.

R. Kelly já se declarou inocente em mais de 20 acusações de foro sexual. Não é a primeira vez que, em 2019, o músico enfrenta a justiça. Em fevereiro, o cantor de R&B foi acusado de 11 crimes de abuso sexual agravado, tendo-se declarado inocente, e acabou em liberdade, sob fiança.

Mas o drama R. Kelly começou logo nos inícios dos anos 90. As acusações acumuladas foram já tantas, que o Spotify o baniu da plataforma — o movimento #MuteRKelly pode ter ajudado. Em 2019, foi lançado o documentário "Suriving R. Kelly", onde mais de 50 pessoas aceitaram dar entrevistas, relacionadas com os crimes sexuais que alegadamente terá cometido. Muitas das vítimas dão aqui a cara.

De 1992 a 2019, conheça as maiores polémicas sexuais em que, segundo o "AJC", o cantor esteve — e continua a estar — envolvido.

Janeiro de 1992

Com 25 anos, R. Kelly lançou o álbum de estreia a solo "Born Into The 90's". Começam as suspeitas: o trabalho incluía o Single "She's Got That Vibe", onde na letra se podia ouvir: "A pequena querida Aaliyah tem o que é preciso", numa alusão à cantora que, pela altura, tinha 12 anos.

Agosto de 1994

Com 27 anos, o cantor terá casado com Aaliyah, quando esta tinha 15 anos. Falsificaram a idade da menor, dizendo que esta tinha 18 anos. No ano seguinte, o casamento foi anulado.

1996

R. Kelly casa-se com Andrea Lee com quem vem a ter três filhos. No mesmo ano, em dezembro, Tiffany Hawkins, uma aspirante a cantora, processou o cantor, alegando que tinham tido relações sexuais quando ela tinha apenas 15 anos. O caso foi resolvido fora do tribunal, tendo Hawkins assinado um acordo de confidencialidade.

Dezembro de 2000

É publicado no Chicago Sun-Times um artigo sobre as alegadas relações que R. Kelly mantinha relações com uma menor de idade. A investigação caiu porque a vítima não quis cooperar.

Agosto de 2001

Tracy Sampson, ex-estagiária da Epic Records, entrou com uma ação contra o músico, acusando-o de ter iniciado uma relação sexual com ela, quando esta tinha menos de 17 anos. Novamente, o caso foi resolvido fora de tribunal. R. Kelly terá pago a Sampson uma quantia que nunca foi revelada.

Fevereiro de 2002

O Chicago Sun-Times divulgou que R. Kelly estava a ser investigado pela polícia, depois de receber, anonimamente, um vídeo em que surge a ter relações sexuais com uma menor.

Março 2002

O mesmo vídeo, enviado anonimamente para o Chicago Sun-Times, começou a circular online e a ser vendido.

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Abril de 2002

Patrice Jones processa R. Kelly, alegando que foi vítima de abusos por parte do músico: teria 16 anos quando se relacionaram sexualmente. A alegada vitima disse que tinha sido pressionada a interromper uma gravidez que resultou deste relacionamento. E, novamente, o caso foi resolvido fora do tribunal, por uma quantia não revelada.

Maio de 2002

Nesta altura, foi a vez de a dançarina Montina Woods processar o cantor, acusando-o de, secretamente, ter gravado as relações sexuais que tiveram. O vídeo terá, segundo esta mulher, sido posto à venda. O caso foi resolvido fora do tribunal, por uma quantia não divulgada.

Junho de 2002

Kelly foi preso, com 21 acusações de pornografia infantil. Foi liberado sob fiança, por 750 mil dólares.

Setembro de 2005

A mulher de R. Kelly solicitou proteção às autoridades, afirmando que o marido a teria agredido fisicamente, após esta revelar que se queria divorciar. O casal fez as pazes e ela rescindiu da proteção, semanas depois. Em janeiro de 2009, divorciaram-se.

Maio de 2008

Com seis anos de atraso, teve inicio o julgamento das 21 acusações relacionadas com pornografia infantil — foram reduzidas para 14. Em junho, o cantor foi considerado inocente de todas as acusações.

Dezembro de 2015

R. Kelly abandonou uma entrevista com o "Huffington Live" depois de a apresentadora, Caroline Modarressy-Tehrani, lhe ter feito perguntas relativas às acusações de foro sexual.

Julho 2017

Uma reportagem publicada no "BuzzFeed" acusou o cantor de "manter as mulheres contra a sua vontade num culto", em duas das suas casas, em duas cidades distintas — incluindo aquela que tinha em Atlanta.

Julho 2017

Surge a campanha nas redes sociais #MuteRKelly que tem como propósito acabar com a transmissão dos temas do músico, assim como cancelar os seus espetáculos.

Agosto de 2017

Jerhonda Pace violou uma clausula do acordo com o músico e falou com o "BuzzFeed" sobre os tempos em que viveu com R. Kelly. Terá acontecido em 2009, quando ela tinha 15 anos. Nesta entrevista, Pace revelou que era fã do cantor e que ia ao tribunal diariamente, em 2008, para assistir ao julgamento que estava a decorrer. Contou ainda que se terá envolvido sexualmente com R. Kelly com 16 anos.

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Maio 2018

O Spotify retira as músicas de R. Kelly. As alterações surgiram na sequência dos novo termos que regulam a plataforma, nomeadamente, relativa à conduta de ódio. O Spotify afirmou que "não tolera conteúdo de ódio que expressamente e principalmente promova, defenda ou incite o ódio ou a violência."

Maio 2018

Faith Rodgers entrou com uma ação contra R. Kelly. Novamente, o músico foi acusado de agressão sexual. Durante o relacionamento que manteve com a jovem, então com 19 anos, terá, segundo a mesma, abusado dela mentalmente, sexualmente e verbalmente. Rogers também acusou o cantor de a ter infetado com herpes e de a ter trancado em salas de castigo.

Julho de 2018

R. Kelly responde, com o tema "I Admit", a todas as acusações de que, no decorrer do tempo, foi alvo. Apesar de parecer uma confissão, a verdade é que, na canção, proclama a sua inocência, afirmando também que terá sido vítima de abuso sexual, quando era criança.

Janeiro de 2018

A série com seis partes "Surviving R. Kelly" estreia na Lifetime. Documenta a história do músico e dos alegados abusos contra mulheres e menores. O cantor John Legend, a fundadora do movimento #MeToo Tarana Burke e a apresentadora Wendy Williams surgem no documentário, que entrevistou mais de 50 pessoas.

Janeiro de 2019

O Gabinete do Procurador Distrital do Condado de Futon, nos Estados Unidos, abriu uma investigação a propósito de abusos físicos, sexuais e emocionais do cantor contra mulheres.

Janeiro 2019

A editora RCA/Sony cortou relações de trabalho com R. Kelly.

Fevereiro de 2019

Um vídeo sexual, onde alegadamente se vê R. Kelly a ter relações com uma adolescente, chega, anonimamente, à polícia de Chicago. No mesmo mês, o cantor está envolvido em 10 acusações de crime sexual agravado, envolvendo quatro vítimas, três das quais menores, pela altura em que os alegados crimes foram cometidos. O músico pagou uma fiança de 1 milhão de euros.

11 de julho de 2019

Kelly é preso em Chicago pelo departamento de polícia da Nova Iorque e pelo departamento de Segurança Interna dos Estado Unidos por acusações de crimes de foro sexual, incluindo pornografia infantil e obstrução à justiça.