A final da Liga dos Campeões entre o Manchester City e o Chelsea aconteceu este sábado, 29 de maio, mas antes de os 14.110 espectadores entrarem no Estádio do Dragão, no Porto, a festa começou nas ruas, com adeptos ingleses a invadiram as esplanadas sem máscaras e sem respeitar o distanciamento social exigido devido à COVID-19. Depois do final do jogo, existiram mais desacatos na Ribeira do Porto.

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Em comunicado, esta sexta-feira, 28,  a Polícia de Segurança Pública (PSP) afirmou estar preparada para controlar os adeptos e evitar nova escaramuça, como aconteceu no dia anterior, quinta-feira, 27, mas o episódio voltou a repetir-se na noite deste sábado, apesar dos mil agentes no terreno.

Tudo aconteceu já depois das 22 horas na Ribeira do Porto, quando 30 simpatizantes do Manchester City ocuparam a via pública e a polícia foi obrigada a intervir. A chamada de atenção não foi pacífica e resultou em dois adeptos detidos e um polícia ferido que acabou por ser levado para o Hospital Santo António, no Porto, revela o jornal "Público". Sabe-se que os adeptos serão presentes a um juiz, de acordo com o subintendente Marco Almeida, responsável pela operação de segurança para a final da Liga dos Campeões, ao mesmo jornal.

O presidente do PSD, Rui Rio, criticou o que aconteceu este sábado, considerando uma "vergonha em pleno combate à pandemia". "O governo e a Câmara do Porto deviam pedir desculpa aos portugueses que, privados de tanta coisa, assistem a esta vergonha em pleno combate à pandemia. Nada aprenderam com o que se passou em Lisboa. Hoje foi bem pior. Muita conversa politiqueira ... e muito pouca eficácia", escreveu na rede social Twitter a propósito da notícia do "Público" sobre os distúrbios na Ribeira do Porto.

Quem também lança críticas é Francisco J. Marques, diretor de comunicação e informação do FC Porto, que considera também uma "vergonha" a dualidade de critérios para as partidas de desporto, apelando a demissões. 

"Depois disto, o ministro da Educação e o secretário de Estado da Juventude e Desporto só podem demitir-se. A falta de vergonha desta gente faz com que hoje tenha havido um jogo com milhares de pessoas e amanhã há um jogo de basket a que nem os familiares dos atletas podem assistir", lê-se na publicação.

Francisco J. Marques refere-se ao que aconteceu como uma "aberração", dado que um dia antes do jogo da Champions decorreu um concerto no Pavilhão Super Bock Rosa Mota limitado a 2.500 pessoas e no dia seguinte à partida, este domingo, vai acontecer um jogo do FC Porto-Sporting de basket sem adeptos. "Digam lá que o governo não goza", diz.

O diretor de comunicação do FC Porto recorda que as bolhas prometidas pelo governo não foram cumpridas e espera que o "preço destas falsidades não seja muito alto". Supostamente, de acordo com a ministra Vieira da Silva, os ingleses entrariam em Portugal num sistema de "bolha" para assistir à partida da Liga dos Campeões.

"As pessoas que vierem à final da Liga dos Campeões virão e regressarão no mesmo dia, com teste feito, em situação de bolha", disse. No entanto, isto não se verificou, e muitos adeptos britânicos não têm obrigação de regressar já este domingo ao país de origem, uma vez que vieram para Portugal através de outros meios que não os charters organizados pelos clubes.

Sobre esta situação, o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, mostra-se contra o governo, dizendo que se não era para haver bolhas, tal não deveria ter sido afirmado. "Quando se comunica que se vem em bolha é porque se vem em bolha. Senão não se diz que se vem em bolha. Diz-se vêm tantos, uns vêm em bolha, outros não. E depois tem de se explicar porque foi diferente. E tem de se ter a noção do exemplo que se dá", disse o presidente este sábado.