Devido ao pacote das novas medidas decretadas pelo governo para combater a crise na habitação, uma das propostas diz respeito à atualização, devido à inflação, de rendas anteriores a 1990 que não transitaram para o Novo Regime do Arrendamento Urbano (NRAU), bem como ao pagamento de uma compensação aos senhorios. Contudo, existem já pessoas que correm o risco de ficar desalojadas. É o caso de Alcina Lourenço, que vive desde os 6 anos na mesma casa, nos Anjos, no centro de Lisboa, pagando uma renda de apenas 30€ mensais, noticia a "TVI".

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Após a morte da tia, com quem a mulher viveu praticamente desde sempre, o senhorio tentou aumentar o valor da renda, e a residente, que se encontra desempregada, afirmou que não teria condições para pagar. "Desde que me peça até 600 euros eu consigo pagar esse valor, agora a partir daí não consigo", diz a mulher, que vive com o pai, doente, com 89 anos, e o marido, já reformado por motivos de doença.

Recentemente Alcina revela que terá recebido uma ordem de despejo do senhorio, mas que tem continuado a pagar a renda, e até então o homem não a voltou a contactar. "Nem nenhuma carta, nem do advogado deles, nunca mais me disse nada". Porém, segundo a "TVI", o caso está em tribunal.

Devido à doença do pai, que "teve um AVC" há cerca de um mês, e que "está acamado", a mulher admite que não tem para onde ir caso tenha de abandonar a habitação. "Não tenho possibilidades para onde ir", uma vez que também tem de pagar por medicação para os três residentes da casa, e que o "custo de vida que está muito alto", afirmando que não teria dinheiro para comer.

Para além da atualização das rendas mais antigas devido à inflação, de acordo com o "Diário de Notícias", estão ainda em cima da mesa medidas como o subarrendamento de casas pelo Estado, os incentivos às alterações de casas de alojamento local para arrendamento, a suspensão de emissões de novas licenças de alojamento local, o arrendamento de casas devolutas, entre outras.

Na manhã desta quinta-feira, 30 de março, deu-se uma manifestação em Lisboa, e Carlos Moedas esteve presente, criticando as novas medidas do governo para a habitação, transmite a "SIC Notícias".

"Proibir está errado numa democracia, aquilo que se tem de fazer é regular, e essa regulação deve ser feita pelas câmaras municipais, não é o governo que vai dizer que agora em Portugal não há alojamento local. (...) Eu vou continuar a trabalhar no regulamento, que é um regulamento sério, que diz exatamente em certas zonas da cidade em que podemos ter alojamento local e que pode ser licenciado, noutras zonas da cidade em que há uma contenção chamada relativa, e depois temos zonas em que há uma contenção absoluta, ou seja, já há muito alojamento local", referiu o presidente da câmara de Lisboa.