Após ter falado com o suspeito, Abdul Bashir, de 29 anos, a Polícia Judiciária já afastou a hipótese de crime de terrorismo, uma vez que não foi detectado um discurso de ódio e "não há o mínimo indício de radicalização", ao que o atacante terá tido um "surto psicótico", afirmou Luís Neves, o diretor da PJ, em conferência de imprensa, esta quarta-feira, 29 de março. De acordo com as investigações já realizadas, Abdul teria uma viagem para Zurique marcada para esta quarta-feira, cujos motivos as autoridades ainda estão a investigar.

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O atacante que esfaqueou mortalmente Mariana Jadaugy, de 24 anos, e Farana Sadrudin, de 49, na terça-feira, 28 de março, já foi interrogado pelas autoridades, e transferido para o Hospital Curry Cabral, em Lisboa, após a cirurgia devido aos ferimentos balísticos que a polícia teve de infligir, escreve o "Observador". O Ministério Público já abriu um inquérito para a investigação do crime.

Após as buscas ao domicílio do atacante, realizadas pela Polícia Judiciária, bem como a apreensão do telemóvel e do computador, e interrogatórios a várias pessoas que conheciam Abdul (que estava em Portugal desde outubro de 2021), tudo indica que o homem sofria de stress pós-traumático, devido à sua passagem do Afeganistão para um campo de refugiados na Grécia, e à consequente morte da mulher num incêndio, ainda no mesmo campo, ficando o homem encarregado dos três filhos menores.

Ao que o "Observador" conseguiu apurar, o homem terá tentado pedir ajuda, através de um vídeo, confessando que passava "condições de vida difíceis", e que já tinha pedido ajuda a várias entidades, mas sem resposta. "Comuniquei os meus problemas muitas vezes por e-mail, fax e telefone ao gabinete de asilo, ao ACNUR (Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados). (...) Toda a gente me diz para esperar, esperar", contou Abdul Bashir onde surge num vídeo com os filhos.