Os pais que vão ter filhos a nascer nos próximos tempos podem ser impedidos de assistir aos partos, sejam eles em hospitais públicos ou privados, sejam eles partos naturais ou cesarianas. A proibição não foi definida centralmente, pelo Ministério da Saúde, e está ao critério de cada unidade hospitalar. Mas muitas já anunciaram as novas medidas, que está relacionadas com a pandemia do COVID-19.

Foi na semana passada, quando ainda se registavam poucos infetados com coronavírus, que os hospitais alteraram as regras no que toca a pessoas dentro destes espaços. A 10 de março foi noticiado que os hospitais de Lisboa Central iriam limitar o tempo de permanência no que toca a visitas aos internados. Segundo o “Expresso”, os hospitais de Lisboa viram as visitas aos doentes internados ficarem “limitadas a um período único entre as 12h30 e as 19h30”. Desta lista ficaram de fora o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, e outras unidades hospitalares onde já não eram permitidas visitas. No que diz respeito ao número de visitantes, estes ficaram reduzidos a uma única pessoa.

Com o crescente número de infetados, alguns hospitais viram-se na iminência de alterar as regras no que diz respeito ao número de visitas e ao tempo de permanência junto dos doentes. Um dos casos que geram mais dúvidas é o das grávidas que darão à luz nas próximas semanas. Existem relatos de ecografias e consultas desmarcadas e comunicados que dão conta de que os pais não poderão estar presentes no momento do parto.

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Um dos hospitais que estão a implementar esta medida é o Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, que, além de não permitir os pais dentro da sala de partos, está a construir um plano que limita ao máximo o tempo de permanência do mesmo dentro das unidades hospitalares.

Fernando Cirurgião, diretor do serviço de obstetrícia do Hospital São Francisco Xavier, em Lisboa, explicou à MAGG a situação e adianta que as informações podem alterar-se de um dia para o outro. “Está a ser uma coisa complicadíssima de gerir. Um dia pode dizer-se uma coisa e no dia seguinte dizer-se outra”, começou logo por explicar. “Estamos num período em que temos de assumir que o próprio interior dos estabelecimentos está infetado. Temos de assumir que essa infeção está a acontecer dentro das instituições de saúde e que os técnicos que lá trabalham são um potencial risco. É uma grande preocupação”.

Por isto, explicou à MAGG que tinha estado a manhã desta segunda-feira, 16 de março, a rever o plano que já entrou em vigor e onde os pais não são permitidos na sala de parto e que depois disto, as visitas serão comprometidas também.

“Não entram pais nem acompanhantes”, disse. Esta situação vem pôr fim a uma outra em que os pais poderiam acompanhar as grávidas antes ou depois do parto durante várias horas.

“Neste momento o que está previsto é limitar ao máximo a circulação do pai no hospital. No entanto, vamos tentar que os pais não estejam completamente ausentes do processo”, referiu. “Está a ser feito um circuito de forma a comunicar o acontecimento e a chamar o pai para que possa conhecer o bebé. Mas visitas deixam de haver”.

O Hospital São Francisco Xavier quer continuar a manter “a humanização da situação”, mas respeitando ao máximo as diretivas sobre o contacto entre pacientes, visitas e pessoal médico. Uma maneira, conforme referiu Fernando Cirurgião, é fazer-se uso de telemóveis para comunicar as diversas situações. “Hoje em dia, o telemóvel serve para tudo e pode usar esse meio de comunicação para conversar, para noticiar”.

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Segundo o especialista existem já hospitais que estão a pôr em prática medidas semelhantes, entre eles o centro hospital de Setúbal e o centro hospitalar do Barreiro. Também o centro hospitalar de Vila Nova Gaia/Espinho emitiu um comunicado onde diz ser proibida esta situação.

Está suspensa a entrada de acompanhantes no Serviço de Obstetrícia, incluindo internamento e sala de partos. Será permitida a entrada do pai após o nascimento, por um período de dez minutos, respeitando as regras de contacto social. Esta permissão aplica-se entre as 8 e as 22 horas. Para nascimento ocorridos após as 22 horas, será permitida a entrada do pai a partir das 8 da manhã, cumprindo as regras do ponto anterior”, pode ler-se.

Mas estes casos parecem ainda ser a exceção.

No caso do Hospital da Luz e da CUF, em Lisboa, e ainda do hospital São João, no Porto, e de acordo com a informação que têm no site, ainda é possível fazer o acompanhamento a grávidas. É possível estar no momento do parto e acompanhar a mulher e o recém-nascido – ainda que em horário mais limitado. Como Fernando Cirurgião explicou à MAGG, é possível que esta situação venha a ser revista, já que as decisões estão a ser ponderadas um pouco por toda a parte.

O centro hospitalar da Póvoa do Varzim e de Vila do Conde tem ainda medidas especiais. O pai pode continuar a assistir ao parto e a ficar com a mãe e com o bebé desde que cumpra as devidas condições. “O pai não pode sair do hospital durante o período de internamento da mãe, o pai deverá trazer mala (roupa confortável, produtos de higiene pessoal, toalhas, chinelos de banho)”, pode ler-se no comunicado. Este documento adianta ainda que as refeições do pai serão fornecidas pelo hospital.

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