Não foi à primeira, nem à segunda, nem à terceira. José Pedro Aguiar-Branco, nome proposto pelo PSD, começou por ir sozinho a jogo, numa segunda ronda juntou-se Francisco Assis (proposto pelo PS) e Manuela Tender (proposta pelo CHEGA). Aguiar-Branco e Assis foram os mais votados e seguiram para a terceira ronda, já a noite de terça-feira, 26 de março, ia alta.

Francisco Assis teve 90 votos, Aguiar-Branco 88 e houve 52 votos em branco. Mas porque é que o assunto não ficou arrumado? Porque, de acordo com o regimento da Assembleia da República, conjunto de regras orientadoras do funcionamento do parlamento, "é eleito Presidente da Assembleia da República o candidato que obtiver a maioria absoluta dos votos dos Deputados em efetividade de funções". Ou seja, 116 votos, metade do número de deputados mais um.

Esta quarta-feira, às 12h, os 230 deputados da XVI legislatura voltam a votar. E tudo pode voltar à estaca zero, mesmo no que toca aos candidatos ao segundo cargo mais importante do Estado português. Diz o regimento que "as candidaturas são apresentadas ao Presidente da Assembleia da República em exercício até duas horas antes do momento da eleição". Na prática, esta manhã, qualquer partido pode apresentar um novo nome, ou podem ser apresentados os mesmos nomes desta terça-feira.

E o que é que acontece se nunca se alcançar o tal número mágico, os 116 votos? Apesar de a hipótese parecer improvável, porque se conta que haja algum tipo de entendimento entre os partidos que compõem o hemiciclo, pode acontecer um cenário estilo "Groundhog Day", o filme de 1993 em que Bill Murray fica preso no mesmo dia, sendo obrigado a vivê-lo repetidamente.

Vejamos o que dizem os pontos 5 e 6 do regimento da Assembleia da República:

  • 5. "Se nenhum dos candidatos obtiver esse número de votos, procede-se imediatamente a segundo sufrágio, ao qual concorrem apenas os dois candidatos mais votados que não tenham retirado a candidatura;
  • 6. "Se nenhum candidato for eleito, é reaberto o processo".

Esta manhã, de acordo com o "Expresso", Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos reúnem-se para tentar chegar a acordo quanto à eleição do presidente da Assembleia da República, numa tentativa de superar este impasse.