Depois de arruadas, comícios e ações de campanha, a expetativa quanto aos resultados eleitorais das Eleições Legislativas de 2019 era grande. Depois de, em 2015, a vitória da coligação Portugal à Frente (PaF), composta por PSD e CDS, ter dado azo à formação da Geringonça (um governo de esquerda de PS, BE, PCP e PEV), os novos resultados ajudam a criar um Parlamento mais representado pela esquerda do que pela direita.

Depois de apurados todos os resultados, sabe-se agora que vão sentar-se 138 deputados do PS, BE, Livre e PCP-PEV no Parlamento contra os 84 da direita. Além disso, há três novos partidos que elegem pela primeira vez um deputado. É o caso do Chega, o partido de extrema-direita liderado por André Ventura, Iniciativa Liberal e Livre.

Editorial. Mas alguém quer saber das Europeias?
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Em fase de rescaldo, fomos olhar para os resultados obtidos pelos partidos e mostramos-lhe algumas das curiosidades interessantes que, no meio de votos, abstenções e discursos, provavelmente lhe passaram ao lado. Sabia, por exemplo, que o PAN conquistou 1,2% dos votos em Barrancos, onde são legais os touros de morte? Ou que em Tancos, onde foram roubadas as armas, o PS conseguiu um total de 56,10% dos votos?

Já Vitorino de Silva, mais conhecido por Tino de Rans, não ficou em primeiro lugar na freguesia de Rans, em Penafiel. Se Tino de Rans não ganhou em Rans, agora é Tino de onde?

Conheça os 23 factos curiosos sobre as Legislativas de 2019.

  1. O resultado da soma dos votos nulos (1,74%) e brancos (2,54%) é superior ao resultado atingido pelo CDS (4,25%);
  2. Se o Chega, que conseguiu 1,30% dos votos, tivesse firmado uma coligação com o PNR (0,30%) teriam entrado dois partidos de extrema-direita na Assembleia da República;
  3. Se os números da abstenção contasse para os números finais, o PS teria tido uma votação abaixo dos 20%. Nas Legislativas de 2019, a taxa de abstenção foi de 45,5% (contra os 43% de 2015);
  4. Com a eleição de um deputado pelos partidos Chega, Iniciativa Liberal e Livre, passam a ser nove as forças políticas com representação parlamentar;
  5. A esquerda ficou ainda mais maioritária depois das Legislativas de 2019 com 138 deputados (do PS, BE, Livre e PCP-PEV) contra os 84 da direita;
  6. O PS foi o partido que mais votos conseguiu em Tancos, onde foram roubadas as armas. No total, foram contabilizados 69 votos, o que corresponde a 56,10%;
  7. Heloísa Apolónia, líder do PEV, está fora do Parlamento depois de ter chegado em 1991. Embora tenha sempre concorrido por Setúbal, este ano a deputada concorreu por Leiria — um círculo no qual a CDU não consegue eleger qualquer deputado desde 1985;
  8. Na região de Barrancos o PAN conseguiu 1,2% dos votos. É neste concelho que decorrem as Festas de Barrancos — as únicas com touros de morte legais em Portugal, devido a um regime de exceção aprovado em 2002;
  9. No concelho de Vila Franca do Campo, nos Açores, registou-se uma taxa de abstenção de 70,4%. É a primeira vez que, desde 1976, a abstenção de um concelho é superior a 68%;
  10. Nuno Magalhães, líder parlamentar do CDS, não foi eleito depois de ter concorrido pela terceira vez pelo círculo eleitoral de Setúbal;
  11. Nas Legislativas de 2019 foram eleitas 86 deputadas, um recorde depois de, em 2015, terem sido eleitas 76;
  12. Pela primeira vez, vão entrar três mulheres negras para o Parlamento. São elas Romualda Fernandes (PS), Beatriz Gomes Dias (BE) e Joacine Katar Moreira (Livre). Todas elas eleitas por Lisboa;
  13. Pela primeira vez, o BE venceu a CDU nas regiões de Alcoutim e Marinha Grande;
  14. Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, não ficou em primeiro lugar na freguesia de Rans, em Penafiel. O PS foi o vencedor com 30,4% dos votos contra os 29,8% do partido RiR;
  15. Pela segunda vez nos últimos 20 anos, o PSD volta a não eleger deputado pelos três círculos do Alentejo;
  16. Houve mais pessoas a votar em branco ou nulo do que nos três partidos que elegem pela primeira vez um deputado — Livre, Iniciativa Liberal e Chega;
  17. Nestas Legislativas, a CDU perdeu Montemor-o-Novo, Arraiolos e Serpa para o PS. Desde os resultados conseguidos em 2015, restam apenas duas regiões à CDU: Avis e Mora;
  18. O PAN não conseguiu nenhum voto na Ilha do Corvo, nos Açores;
  19. Em Viseu, o PSD perdeu a distância que mantinha do PS. Conseguiu 36,26% dos votos contra os 35,35% do PS — conseguindo ambos o mesmo número de deputados eleitos: quatro;
  20. Em Loures, o Chega conseguiu 2,93% dos votos.
  21. Em 2015, a coligação Portugal à Frente (PAF), composta por PSD e CDS, venceu em Lisboa com 34,7% dos votos. Em 2019, no mesmo distrito, o PS alcançou 36,7% dos votos. No total, PSD e CDS perderam 7,7% dos votos enquanto o PS ganhou 3,2%.
  22. O PS venceu em todos os concelhos do distrito de Lisboa;
  23. Na Graça, concelho de Pedrogão Grande, o voto nulo ficou em terceiro lugar, só atrás de PSD e PS.