No total, são 33 as mulheres que pediram a asilo a Portugal e que fugiram ao controlo do Conselho Português para os Refugiados (CPR) entre dezembro de 2020 e os primeiros vinte dias de janeiro. A notícia é dada pelo "Correio da Manhã", que diz que a diretora do CPR já expressou a sua preocupação ao Governo. O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) diz que há a possibilidade de estas fugas estarem relacionadas com a existência de redes organizadas de tráfico humano a operar em solo nacional.
Depois do homicídio de Ihor Homenyuk, em março de 2020, nas instalações do Aeroporto de Lisboa, o Ministério da Administração Interna ordenou que a vigilância dos requerentes de asilo em Portugal passasse a ser responsabilidade do CPR e não do SEF. No entanto, o que se tem registado é um aumento do número de abandonos voluntários de estrangeiros destes espaços pertencentes ao CPR, diz a mesma publicação citando um e-mail enviado esta quarta-feira, 20 de janeiro, por Mónica Farinha, diretora do organismo, ao governo de António Costa.
Até dezembro de 2020, o mesmo jornal diz que foram acolhidas 31 mulheres que aguardavam, sob vigilância do CPR, a apreciação do pedido de asilo. Nesse compasso de espera, 19 escaparam e ainda hoje não foram encontradas. Até 20 de janeiro, sabe-se que os pedidos de asilo que chegaram à entidade foram 22 e, desses, perdeu-se o rasto a 14 mulheres.
No total, 33 mulheres abandonaram voluntariamente as instalações CPR e, diz Mónica Farinha no e-mail que enviou ao governo, e ao qual o jornal teve acesso, que durante esse espaço de tempo todas estas mulheres fizeram vários contactos com números desconhecidos. É isso que leva a tutela a crer que terão sido influenciadas a dirigir-se a outros locais por redes de crime organizado especializadas em tráfico humano.
As 33 mulheres vêm de países como Comores, Gâmbia, Senegal, Marrocos, Angola e Guiné-Bissuau e o seu desaparecimento já foi sinalizado ao Observatório Contra o Tráfico de Seres Humanos, escreve a mesma publicação.