Em abril do ano passado, Maria Malveiro, 20 anos, e Mariana Fonseca, 24, foram acusadas do homicídio macabro de Diogo Gonçalves, de 21 anos. O jovem terá sido desmembrado e as partes do copo espalhadas por várias zonas do Algarve. Maria e Mariana eram namoradas na altura do crime e após serem presas pela Polícia Judiciária (PJ) cumpriram pena juntas. O namoro terá acabado em janeiro, dando origem a uma guerra em tribunal.

O caso voltou a ser julgado no Tribunal de Portimão a 24 de fevereiro e a versão dos factos alterou-se com o fim da relação, avança o "Correio da Manhã". Maria, segurança de profissão, e colega de trabalho da vítima, afirmou que o namoro entre ambas terminou "há cerca de dois meses" quando Mariana terá agredido a companheira na prisão por ciúmes. Já Mariana alegou que "discussões" na cadeia motivaram o fim do relacionamento.

As ex-namoradas, que antes que se assumiam como cúmplices, agora apontam culpas uma à outra sobre a noite em que tudo terá acontecido e durante a sessão pediram para falar sem a presença uma da outra.

Na versão original apresentada ao juiz de instrução criminal, Maria assumiu que foi a principal responsável pela morte do jovem, tendo desmembramento o corpo, e disse que a ajuda de Mariana, enfermeira, no crime. Já no julgamento no Tribunal de Portimão, a versão dos factos mudou: Maria defendeu-se dizendo que não foi ela quem desmembrou o corpo e apontou culpas à ex-companheira, adiantamento que foi Mariana quem asfixiou e desmembrou o Diogo Gonçalves "por ciúmes", avança o "Jornal de Notícias".

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"A Mariana dizia ter ciúmes do Diogo, sempre foi uma pessoa ciumenta e possessiva. Começou a ser mais a partir do momento em que lhe contei da indemnização que o Diogo ia receber. Os ciúmes dela aumentaram e ela quis roubá-lo. Ela queria apoderar-se do dinheiro dele e começou a encher-me a cabeça com esses pensamentos. Deixei-me levar pelo que ela disse", afirmou na sessão de tribunal. A indemnização em causa diz respeito a uma quantia no valor de 70 mil euros que Diogo recebeu pela morte mãe, vítima de atropelamento.

Agora separadas, os testemunhos das jovens sobre o crime e a justificação sobre os depoimentos iniciais são sempre argumentados com a relação amorosa. "Desde o início tentei proteger a Mariana e quis fazer tudo para que ela não fosse presa. Pus o amor à frente de tudo", afirmou Maria, que admitiu ter mentido no primeiro interrogatório judicial.

Outra das mentiras que assumiu foi a alegação de que Diogo a terá abusado sexualmente, situação que na altura foi usada pela jovem para justificar o crime, dizendo que se tratou de uma "vingança por uma tentativa de violação". No novo depoimento, Maria contraria-se: "Ele era uma pessoa dócil e querida. Nunca me faltou ao respeito", disse e acrescentou que "nunca pretendeu fazer mal ao rapaz", até porque "gostava dele".

Enquanto na versão inicial Maria dizia que Mariana apenas a tinha ajudado, agora aponta todas as culpas para a ex-namorada, desde ter sido ela a conseguir o fármaco Diazepam (misturado com sumo de laranja) para drogar Diogo, passando por ter sido Mariana a incentivar fazer "um mata leão [golpe de asfixia] para o adormecer e tirar-lhe o cartão [bancário]", até ter sido a ex-namorada a asfixiar o jovem enquanto tinha ido fumar um cigarro.

"Quando voltei, ela tinha as mãos à volta do pescoço [de Diogo]. Perguntei o que estava a fazer, ela respondeu que ele assim já não se metia no meio de nós. Perguntei se estava morto e ela disse que sim", afirmou Maria. A jovem disse ainda que foi Mariana a desmembrar o corpo e que apenas terá ajudado a transportá-lo.

Diogo terá sido atraído para casa de uma das raparigas a 18 de março do ano passado, onde ficou sequestrado durante dois ou três dias. As jovens foram detidas pela PJ a 2 de abril estão acusadas pelo Ministério Público (MP) dos crimes de homicídio qualificado, profanação de cadáver, dois crimes de acessos ilegítimo, um de burla informática, roubo simples e uso de veículo.