Nuno Pardal Ribeiro, deputado municipal e vice-presidente da distrital de Lisboa do Chega, está acusado pelo Ministério Público (MP) de dois crimes de prostituição de menores agravados, de acordo com o "Expresso", que avança que um deles é um rapaz de 15 anos. O político, que nas últimas legislativas esteve à beira de ser eleito deputado na Assembleia da República, nega ter tido conhecimento da idade do menor envolvido.
De acordo com o MP, tudo começou na aplicação de encontros Grindr, destinada ao público homossexual, que acabou por passar para o WhatsApp, "para melhor combinarem" um encontro – que, conforme diz a lei, é ilegal, visto que a idade de consentimento é de 16 anos, algo que aumenta para 18 no caso de haver dinheiro envolvido, que foi o que terá acontecido.
Isto porque, em junho de 2023, depois de se terem encontrado junto a uma estação de comboios, o deputado de 51 anos e o menor seguiram de carro em direção a um pinhal. Durante o trajeto, diz ainda a acusação, o conselheiro nacional do Chega perguntou ao rapaz que idade tinha e este respondeu com a verdade – embora Nuno Pardal Ribeiro negue ter conhecimento da idade do jovem.
Seja como for, ambos terão praticado sexo oral "mútuo". No fim, o dirigente do Chega enviou um código de levantamento através do MbWay, para que o adolescente pudesse receber 20 euros, que deveria levantar numa caixa de multibanco. O político ainda quis repetir a experiência, tendo-se oferecido para voltar a pagar, mas o menor não quis, lê-se na mesma publicação.
O caso terá sido denunciado à Polícia Judiciária pelos pais do jovem, que tiveram acesso às mensagens trocadas entre a dupla no WhatsApp. Em algumas delas, citadas na acusação do procurador Manuel dos Santos, pode ler-se Nuno Pardal Ribeiro a perguntar ao jovem se tinha experiência sexual, se já tinha estado com um "daddy" (termo usado para descrever um homem mais velho) e ainda lhe pediu fotos explícitas (as "nudes").
"O arguido sabia que o assistente tinha 15 anos e era sexualmente inexperiente", acusa o procurador, citado pelo "Expresso", acrescentando ainda que este "agiu com o propósito concretizado de, para satisfazer os seus instintos libidinosos, praticar com o assistente os atos sexuais descritos" a troco de "dinheiro".
Nuno Pardal Ribeiro, que é também ex-cavaleiro tauromáquico profissional e presidente da Associação Nacional de Toureiros, já se pronunciou. Em declarações ao semanário português, afirmou "desconhecer por completo" que o jovem era menor de idade à altura dos factos. "Irei serenamente preceder à minha defesa, lamentando profundamente a situação desagradável para todas as partes", frisou ainda o arguido.
Mas este não foi o único deputado do Chega a ter problemas. Este domingo, 2 de fevereiro, José Paulo Sousa, que pertence ao partido nos Açores, foi apanhado numa operação STOP, com uma taxa de alcoolemia de 2,25 g/l no sangue, diz a SIC Notícias. A infração, registada na ilha das Flores, configura um crime que pode ser punido com pena de prisão até um ano ou multa até 120 dias.
Numa publicação no Facebook, o político admitiu o erro, explicando que foi intercetado após "uma noite de convívio com amigos e conhecidos" e que tomou "a decisão errada de conduzir de volta a casa". "Reconheço agora que, naquele momento, não soube avaliar a gravidade da minha atitude e falhei ao não perceber o risco que coloquei a mim e aos outros utilizadores da via pública", continuou.
"Foi uma escolha irracional, da qual me envergonho", explicou José Paulo Sousa, reconhecendo que "não há desculpas" para a decisão que tomou. Ao afirmar que não está à procura de "justificações para o erro", promete que vai aceitar qualquer consequência, mas não deixa de frisar o "profundo arrependimento" que sente por este "erro grave", que descreve como um "momento de embaraço", mas também uma "oportunidade de aprendizagem".
As notícias polémicas em relação a estes dois deputados do Chega acontecem depois de Miguel Arruda, eleito pelo círculo dos Açores, ter sido constituído arguido por suspeita de furto de malas nos aeroportos de Lisboa e Ponta Delgada. A PSP terá encontrado 17 malas de viagem nas duas residências do deputado, uma delas contendo roupa de criança, pelo que se especula que possam estar em causa jogos sexuais. Em entrevistas, Miguel Arruda tem negado tudo.