Sandro Bernardo, de 33 anos, e Márcia Monteiro, 39 anos, começam esta quarta-feira, 17 de fevereiro, a ser julgados no Tribunal Judicial da Comarca de Leiria pelo homicídio de Valentina, de 9 anos, em maio do ano passado em Atouguia da Baleia, em Peniche. As circunstâncias do crime chocaram o País, uma vez que o pai e a madrasta terão torturado durante cerca de 10 horas a criança com água a ferver e espancamentos.

O casal é acusado do crime de homicídio qualificado, crime de profanação de cadáver e crime de abuso e simulação de sinais de perigo. Sandro Bernardo, pai de Valentina, está também acusado de um crime de violência doméstica contra a filha.

Sandro e Márcia já tinham confessado os crimes da noite de 6 de maio à Polícia Judiciária e ao juiz de instrução, mas irão prestar novo depoimento sobre a sua versão dos factos esta quarta-feira, revela a TVI24. Isso vai permitir ao coletivo de juízes perceber como se comportam e qual o tipo de discurso.

Sabe-se ainda que a defesa de Sandro Bernardo deverá tentar provar que este não está na posse plena das capacidades psíquicas, argumentando que já tentou o suicídio duas vezes enquanto estava em prisão preventiva (a 15 de maio foi encontrado com vários cortes no corpo e em junho ingeriu uma mistura de lixívia com detergente, tentando envenenar-se).

No julgamento desta quarta-feira, que começou pelas 9h30, vão ainda ser ouvidas um total de 25 testemunhas, entre as quais está a mãe Sónia Fonseca — a primeira a ser ouvida pelo Ministério Público após o casal acusado pelo crime, avança o jornal "Observador". Prevê-se que a sessão em tribunal arraste-se ao longo de todo o dia.

Sandro e a madrasta da vítima, Márcia, arriscam uma pena máxima de 25 anos de prisão.

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Recorde-se que a criança foi encontrada morta na serra D'el Rei, em Peniche, a 10 de maio. Valentina foi vítima de uma morte violenta, de acordo com a autópsia que revelou lesões na cabeça e indícios de asfixia e indicou ainda que Valentina terá tido convulsões que levaram à sua morte.

As agressões começaram a 6 de maio quando o pai, Sandro, tentou forçar a criança a revelar se tinha sido violada. Como forma de pressão, terá agredido Valentina e colocado a criança na banheira com água a ferver na zona genital, de acordo com a acusação do Ministério Público de Leiria. A madrasta, Márcia, terá assistido a tudo, sendo assim cúmplice do crime. As agressões terão continuado até Valentina cair inanimada e começar a ter convulsões, depois de o pai a ter abanado repetidamente na casa de banho, o que terá também resultado no descolamento do crânio.

De seguida, a criança terá sido deitada no sofá e o casal terá saído de casa. Quando se aperceberam de que Valentina estava morta, esconderam o corpo a cerca de cinco quilómetros de casa. Sandro e Márcia acabaram depois por alertar a GNR sobre o desaparecimento da criança de 9 anos.