O médico responsável pela autópsia Ihor Homenyuk, cujo contrato de trabalho foi rescindido pelo Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses (INMLCF), pode voltar a concorrer à mesma posição de perito contratado no concurso que está a decorrer e que, à semelhança do anterior, corresponde a um contrato de três anos. "A rescisão do contrato de prestação de serviços não é impedimento a que possa concorrer de novo no atual concurso", confirmou a entidade ao "Diário de Notícias".

Carlos Durão, assim de chama o perito, foi quem realizou a autópsia do cidadão ucraniano que morreu nas instalações do aeroporto de Lisboa e que denunciou à Polícia Judiciária assim que se apercebeu de que havia indícios de homicídio. O término do contrato aconteceu a 26 de novembro por aquilo que o INMLCF considera ter sido "uma clara violação do contrato estabelecido" depois de, num artigo científico em que Carlos Durão é um dos coautores, constarem fotografias de um cadáver com "imagens do rosto que permitem a sua identificação".

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A mesma publicação questionou a entidade sobre que tipo de procedimento terá precedido a rescrição, mas a entidade frisa que não houve processo disciplinar a ser instaurado uma vez que o INMLCF não tem tutela disciplinar sobre os médicos prestadores de serviços. No entanto, garante que "o médico foi ouvido previamente" à rescisão. Na data da rescisão unilateral do contrato, a 26 de novembro, a entidade abriu ainda um processo de inquérito.

O caso da morte de Ihor Homenyuk continua a ser investigado, numa altura em que as autoridades pretendem agora apurar a responsabilidade do crime.

Os três agentes do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) acusados do homicídio de Ihor Homenyuk continuam em prisão domiciliária e, até abril, a Polícia Judiciária (PJ) deixou que continuassem a utilizar os seus telemóveis pessoais para, mais tarde, poder ter acesso às mensagens que estes trocavam entre si. Os agentes Duarte Laja e Bruno Sousa tiveram acesso aos seus telemóveis até 8 de abril, e Luís Silva, outro dos inspetores acusado de homicídio, só entregou o equipamento a 23 de abril, escreve o jornal "Público" , citando fonte ligada à investigação.

Depois de os equipamentos terem sido apreendidos, concluiu-se que tinham sido apagadas várias mensagens que, apesar disso, eram passíveis de ser recuperadas para extrair alguma informação relevante à investigação. Outras, no entanto, terão sido eliminadas permanentemente.

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Segundo o processo de investigação, os agentes acusados de homicídio faziam parte de um "pequeno grupo secreto" no Telegram — uma plataforma de conversação encriptada — composta por um grupo de colegas do SEF que se andou a "mexer" para ajudar os arguidos, escreve a mesma publicação.

Numa troca de mensagens, um dos arguidos tenta perceber exatamente quantas câmaras de vigilância estavam a funcionar dentro do centro de instalação temporária no dia da morte de Ihor Homenyuk. Na mesma sequência de mensagens, o mesmo arguido diz saber que, na sala onde Homenyuk morreu, não havia câmaras.

Todas as mensagens que tenham sido possíveis recuperar serão de extrema importância para a investigação e para o apurar da autoria do homicídio, escreve o mesmo jornal. Será através delas que se conseguirá saber, com clareza, o papel que cada agente teve na morte de Homenyuk e se, além disso, houve tentativas de dificultar a investigação — encobrindo os factos — ou de destruição de provas.

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