António Couto dos Santos, antigo ministro social-democrata de 75 anos, foi encontrado morto esta segunda-feira, 6 de janeiro, num lago no Citygolf, na Senhora da Hora, em Matosinhos. Ao que tudo indica, o alerta foi dado pouco antes do meio-dia quando alguém se apercebeu de que estava um homem caído no lago do clube, e quando a polícia chegou, António Couto dos Santos já estava morto. Soube-se que o antigo ministro estava a jogar golfe sozinho, e já tinha sido visto por outras pessoas no clube da parte da manhã.
O ex-ministro “efetuava uma volta de treino quando teve a infelicidade de cair no lago do buraco 7, em circunstâncias ainda em investigação”, explicou o clube Citygolf em comunicado, citado pelo jornal “Observador”. Até ao momento, não foram verificados quaisquer indícios de crime, e foi avançado pelo “Diário de Notícias” que as autoridades teriam mandado retirar a água do lago onde António Couto dos Santos foi encontrado para se procurar o taco de golfe que também teria desaparecido. No entanto, ao “Observador”, a Polícia Judiciária afirmou que os seus inspetores não estiveram no local.
António Couto dos Santos desempenhou vários papéis ao longo da sua carreira na política, tendo sido um deles o de ministro da Educação - foi, inclusive, nesse período que o antigo ministro viu quatro estudantes a baixar as calças e a mostrarem-lhe os rabos, com a frase “Não Pago” escrita nas nádegas. Foi no ano de 1993 em Belém que este momento, um dos mais mediáticos do então ministro da Educação, se passou, devido a um protesto contra o pagamento das propinas nas faculdades.
Os protestos eram contra a lei introduzida pelo governo de Cavaco Silva em 1991 para aumentar o valor das propinas, segundo o “Observador”, cujo valor passou do equivalente a 6€ para 250€, e seguiam desde novembro desse mesmo ano, tendo feito com que, em 1992, Diamantino Durão fosse então substituído por António Couto dos Santos como ministro da Educação. No entanto, as manifestações continuaram, uma vez que os valores não desciam, e num desses protestos o Centro Cultural de Belém ficou lotado. O que aconteceu a seguir ficou para a história.
Quatro jovens, Sérgio Vitorino, Luís Branco, João Carlos Louçã e Jorge Barata, baixaram as calças de ganga e viraram o rabo para António Couto dos Santos, que se encontrava na sala, e mostraram uma mensagem clara: “Não Pago” era o que se lia nas nádegas dos quatro estudantes, que no início eram cinco, se o quinto elemento que tinha pontos de exclamação no rabo não se tivesse deixado levar pelo medo. Esta foi uma fotografia que marcou o movimento dos protestos em 1993, que mais tarde ficou conhecido como “Geração Rasca”, uma expressão usada pelo jornalista Vicente Jorge Silva.
No mesmo ano, António Couto dos Santos acabou por ser substituído por Manuela Ferreira Leite. Ao longo da sua carreira, foi ainda ministro dos Assuntos Parlamentares, ministro da Juventude e secretário de Estado da Juventude, Qualidade de Vida e Ambiente no governo de Cavaco da Silva, tendo estado também ligado à Associação Empresarial de Portugal, à Casa da Música e ao Sporting, onde foi vice-presidente em 1999, segundo o “Público”. Voltou à Assembleia da República enquanto deputado eleito pelo distrito de Aveiro, no Governo de Pedro Passos Coelho e, mais recentemente, desempenhou funções de cônsul honorário da Rússia no Porto.