A Carris contratou nos últimos cinco anos mais 64% motoristas mulheres face ao universo atual de mulheres motoristas ou guarda-freios da empresa. Contudo, o universo feminino continua a compor apenas 7% da equipa de tripulantes, avançou este domingo, 6 de fevereiro, o jornal "Público" com base nos dados fornecidos pela transportadora.
Neste momento, apenas 11% dos colaboradores da Carris são mulheres, já que a empresa emprega 281 mulheres entre os mais de 2500 trabalhadores que fazem parte da equipa da transportadora. Apesar de a diferença ainda ser notória, foi nos últimos anos que a mudança relativamente ao universo feminino acelerou: 47,5% entraram desde 2017, avança o "Público".
Nesta transportadora, as mulheres, na sua maioria, ocupam as funções de motorista dos autocarros ou guarda-freio dos elétricos (48%), seguidas das áreas administrativas (22%) e dos cargos de chefia (12%), sendo que seis destas integram as chefias da empresa. De acordo com a Carris, não há "qualquer barreira à contratação de mulheres", nem "distinção nos processos de recrutamento" e os números são justificados com o facto de as mulheres se candidatarem menos do que os homens, em particular, às áreas operacionais de tráfego e de manutenção, escreve o jornal "Público".
Rosa Garcia, que trabalha como motorista há 27 anos, garante que a profissão de motorista já não é só dos homens e que ao longo dos anos tem visto cada vez mais mulheres a entrarem na Carris. Ainda assim, não esconde ser muitas vezes alvo de discriminação por parte de homens que tecem comentários como "hoje vamos perder o barco", homens que fazem elogios quando conduz bem, homens que a tratam por "menina".
"Às vezes ignoro, outras vezes faço-os engolir o que dizem, porque também irrita estarem sempre a deitar-nos abaixo. Nós somos como os nossos colegas. Fazemos o trabalho tão bem como eles. Ou melhor", afirma Rosa Garcia, citada pelo mesmo jornal.