No ano letivo de 2019/20 foram registadas um total de 3.324 ocorrências nas escolas portuguesas, com principal destaque para as de âmbito criminal: 2.389. Aqui incluem-se 901 ofensas corporais, 589 injúrias ou ameaças e 349 crimes de furtos — números elevados, mas que revelam um "decréscimo generalizado" das ocorrências criminais em relação ao ano letivo anterior, de acordo com o relatório anual no âmbito do Programa Escola Segura Polícia de Segurança Pública (PSP) divulgado este domingo, 21 de março, segundo o "Correio da Manhã".
Os dados do programa revelam ainda 115 ações de vandalismo, 78 casos de roubo, 64 ofensas sexuais, 51 crimes de posse de arma e 27 de tráfico de estupefacientes. Quanto às ocorrências não criminais, correspondem a 1.231.
Não é detalhada a autoria dos crimes — que poderão ter sido cometidos por alunos, professores, ou outros funcionários —, nem quantas detenções ou processos tutelares educativos estes crimes deram origem.
O combate ao "bullying e cyberbullying" tem sido um dos principais focos das Equipas do Programa Escola Segura (EPES), conforme sublinhado pela PSP, assunto abordado nas 22.294 ações de sensibilização que chegaram a 555.943 alunos de todas as idades — ações decorridas em tempo de pandemia de COVID-19 em Portugal e que sofreram um ligeiro decréscimo relativamente ao ano letivo anterior (2018/19).
"É uma temática com a qual a PSP tem tido particular preocupação nos últimos tempos, tendo inclusive feito vários alertas e partilhado inúmeros vídeos nas redes sociais alusivos a este problema, aquando do início das aulas em formato 'online'", refere a PSP no relatório em questão, referindo-se à problemática do cyberbullying, algo que não é novo para as autoridades.
Anteriormente, a PSP já tinha alertado para os perigos online e deixou algumas recomendações para crianças e jovens protegerem-se das ameaças. Apesar de o relatório não apresentar dados sobre o cyberbullying, sabe-se que estas agressões passaram de 29% para 40% das ocorrências reportadas à PSP num espaço de seis anos, e ganharam maior expressão em 2020 com a entrada em vigor do ensino à distância.
O confinamento obrigatório decretado no ano passado, e o consequente encerramento das escolas anunciado a 16 de março pelo governo, foi para algumas crianças, que sofriam de situações de bullying, um alívio. Em junho do ano passado, Luísa (nome fictício), mãe de uma criança de 11 anos, contou à MAGG que a filha sofria há vários anos de bullying e que o ensino à distância foi algo positivo. "Foi a melhor coisa que lhe aconteceu na vida. Só para ter uma noção, ela cresceu imenso, começou a comer bem e a dormir tranquilamente", contou a mãe na altura.