O pai e a madrasta de Valentina Fonseca, a criança de 9 anos que foi assassinada em casa, foram apanhados por uma câmara de videovigilância já depois de cometerem o crime. As imagens, resultantes de gravações de uma bomba de gasolina em Atouguia da Baleia, Peniche, já foram colocadas no processo para ajudar a provar o homicídio da menina, noticia esta manhã o "Correio da Manhã". Isto porque na sua primeira versão o pai da criança dizia que não tinha saído de casa na noite do crime, o que prova, desde logo, que mentiu nessa ocasião, e reforça a prova do Ministério Público, de que estaria a esconder algo.
As imagens em questão foram captadas às 22 horas de dia 6 de maio, e mostram o casal no carro. Acredita-se que o corpo de Valentina estaria no banco de trás, e que Sandro e Márcia estariam a caminho da zona de mato onde esconderam o corpo, que viria a ser descoberto pelas autoridades, depois da confissão do pai.
Para além destas novas provas, também a autópsia é considerada uma peça fundamental para o caso, dado que, até agora, só houve acesso ao relatório preliminar. De acordo com o mesmo documento, as agressões que Valentina sofreu "provocaram-lhe lesões por ação contundente (escoriações e equimoses) em diversas partes do corpo, como a face, tórax, o dorso e os membros", escreve ainda o "Correio da Manhã".
O relatório adianta ainda que as "lesões denotam a existência de uma clara agressão, por violenta ação contundente, típica de espancamento" e "não foram produzidas por eventual crise convulsiva". Após queda na banheira, as lesões provocaram a "perda da consciência, edema cerebral e hemorragia". Foram também encontrados indícios de asfixia, dado que "as infiltrações nos planos mais profundos do pescoço são sinais da existência de força que pode ter produzido uma constrição do pescoço".
Atualmente, Sandro e Márcia aguardam julgamento em prisão preventiva. Enquanto que a madrasta de Valentina está na prisão de Tires, o pai está internado na ala psiquiátrica da cadeia de Caxias, depois de ter tentado o suicídio com uma lâmina de barbear. No entanto, os ferimentos não foram profundos e teve alta do hospital no mesmo dia.
A Polícia Judiciária de Leiria, que está a investigar o caso, tem seis meses para o fazer. Depois da fase de investigação, o processo regressará ao Ministério Público. No entanto, o filho mais velho de Márcia, com 12 anos, já foi ouvido em tribunal, para não ter de regressar. O depoimento da criança foi de extrema importância para a aplicação das medidas preventivas ao casal suspeito, dado que contou ao juiz que Valentina foi espancada e que foi o próprio a ligar para a mãe quando viu a menina espumar pela boca. Depois foi mandado para o quarto e ameaçado por Sandro e Márcia, que disseram fazer mal às irmãs mais novas se o rapaz denunciasse a situação.