O impacto da COVID-19 provocou uma drástica redução no número de testes de rastreio ao VIH/SIDA em Portugal e os especialistas assumem que a situação "é preocupante". Isabel Aldir, médica infecciologista que, até há pouco tempo, liderava o Programa Nacional para a Infeção VIH/SIDA, é uma das especialistas a demonstrar preocupação, evidenciando a "relação claríssima" entre a quebra no número de rastreios e a pandemia provocada pelo Sars-CoV-2.
"O esforço de rastreio tem de ser continuado", com o objetivo de se atingir o patamar de 95% pessoas diagnosticadas, explica Aldir em declarações à agência Lusa, citada pela RTP. Em 2017, refere, o patamar atingido foi de 90%. "Não podemos descansar", continua, apelando a um "maior investimento em termos de esforço de diagnóstico para não se desperdiçar oportunidades de rastreio".
As declarações surgem depois de, em maio, a Direção-Geral da Saúde (DGS) ter incentivado a uma maior realização de testes de despiste ao VIH, evidenciando que, devido à pandemia, o número de rastreios vinha registando uma quebra considerável.
Eugénia Saraiva, presidente da Liga Portuguesa Contra a SIDA, também assume preocupação com face à "diminuição de consultas e testes de rastreios" cuja quebra registada será de "mais de 75 por cento", explica em declarações à mesma publicação.
Mas não são apenas os testes de rastreio que estão a ser afetados. Também a profilaxia pré-exposição (PrEP), ou seja, a prescrição tomada antes de um comportamento de risco que visa prevenir casos de infeção, também está a ser afetada pela pandemia com Eugénia Saraiva a concluir que, atualmente, Portugal está longe das metas fixadas.
Se, desde 2017, a ideia era fazer chegar a PrEP a cerca de dez mil pessoas, Isabel Aldir e o Grupo de Ativistas em Tratamento referem que, atualmente, ainda não se passou "das mil a duas mil" prescrições.