Apesar de já acontecer em alguns hospitais do Serviço Nacional de Saúde, está prestes a tornar-se oficial: os enfermeiros poderão estar aos comandos de qualquer parto de baixo risco, deixando a intervenção do médico obstetra de ser necessária. Mas calma, não são quaisquer enfermeiros – apenas os especialistas em enfermagem de saúde materna e obstétrica.
Os médicos obstetras continuarão a realizar os partos mais complicados, especialmente aqueles que exigem a utilização de instrumentos, mas esta alteração surge na sequência de uma orientação da Direção-Geral da Saúde (DGS) publicada esta quarta-feira, 12 de maio. O objetivo, segundo pode ler-se no documento, passa por "uniformizar os cuidados de saúde hospitalares" e "clarificar o papel dos vários profissionais de saúde intervenientes no trabalho de parto".
A par disto, resolver a falta de obstetras, anestesistas e pediatras também é outro dos propósitos. Isto porque, graças à escassez destes profissionais, vários blocos dedicados a estas áreas da saúde têm fechado nos hospitais ao longo do ano, numa altura em que as maternidades estão sob grande pressão, de acordo com o "Jornal de Notícias".
Quanto aos requisitos com que a equipa de enfermeiros que assiste aos partos deve contar, a norma explicita que esta deverá ser "multidisciplinar" e ter uma "clara definição de atividades, tarefas e responsabilidades" – sem descurar a "rentabilização dos recursos humanos", que deve ser "privilegiada". Os profissionais deverão também conseguir identificar o "aparecimento de sinais de alerta e desvios ao padrão normal" de evolução do parto, comunicando a situação a um médico especialista.
Ainda assim, Diogo Ayres de Campos, o presidente da Comissão de Acompanhamento da Resposta em Urgência de Ginecologia/Obstetrícia e Blocos de Parto, estrutura que pôs a medida em cima da mesa, duvida da sua eficácia, por crer que as equipas médicas já estão demasiado reduzidas, conclui o "Jornal de Notícias".