A 17 de agosto, o ministério da Educação divulgou um despacho que proibia a "venda de produtos prejudiciais à saúde" nas escolas, destacando especificamente "palmiers, jesuítas, mil-folhas, bola de Berlim, donuts, folhados doces, croissants ou bolos tipo queque", pode ler-se. O facto de o documento nomear os bolos, deixou a indústria de padaria e pastelaria, em especial a nível regional em que uma grande parte das vendas destina-se às escolas, sem grande alternativa para oferecer opções mais saudáveis, escreve o jornal "Público".
Contudo, uma vez que o ministério da Educação eliminou todos os "bolos ou pastéis com massa folhada e/ou com creme e/ou cobertura" e avançou com o despacho sem entrar em diálogo com a indústria da pastelaria e panificação, tornou-se complicado apresentar soluções como, por exemplo, bolos com menos açúcar e gordura. Para a indústria, deveria ter sido adotada uma estratégia semelhante à que aconteceu com a redução de sal no pão nos últimos anos, feita entre os industriais da panificação e o governo.
"Queremos produzir produtos mais saudáveis", afirma António Fontes, presidente da Associação dos Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte (Aipan), e o vice-presidente da Associação do Comércio e da Indústria de Panificação, Pastelaria e Similares (Acip), Sérgio Fonseca, dá destaque à capacidade de adaptação da indústria. "[Está] fortemente comprometida com a adoção de hábitos de alimentação saudáveis, nomeadamente em ambiente escolar", acrescenta.
Para o vice-presidente, faria mais sentido que "o despacho indicasse os produtos a excluir com base no seu valor energético ou de sal" e não enveredasse pela via da proibição, uma vez que "não permite que se criem outras soluções". Numa altura em que a indústria já está fragilizada pela pandemia, a medida só vem agravar as receitas das pasteleiras e padarias que foram apanhadas de surpresa pelo despacho, segundo o António Fontes. Já se preveem quebras na faturação na ordem dos 30 a 40% para os associados da Aipan, que trabalham maioritariamente com escolas.
Após a publicação do despacho, o governo deu até ao final de setembro para rever os contratos com os seus fornecedores de modo a encontrar opções mais equilibradas. De acordo com o presidente da Associação Nacional de Dirigentes Escolares, Manuel Pereira, ao mesmo jornal, o processo tem decorrido "sem grandes problemas".