No fim de janeiro, anunciou-se que Portugal era o pior País do mundo em número de novos casos e mortes por COVID-19 por milhão de habitantes. Agora, podemos voltar a respirar (um pouco) de alívio), pelo menos, tendo em conta a forma como estamos a controlar a terceira vaga.

“Fomos dos melhores do mundo no primeiro confinamento, os piores na origem da terceira vaga e vamos ser um dos países do mundo que mais depressa conseguiu controlar a terceira vaga porque de facto houve uma adesão fantástica ao confinamento e o resultado está à vista”, disse este domingo, 7 de fevereiro, o virologista Pedro Simas, de acordo o jornal "Observador" que cita a agência Lusa.

Este avanço é visível nos dados apontados por Pedro Simas, que relembrou que de 28 de fevereiro a 6 de fevereiro Portugal passou de uma média de 12.890 casos para 7.270 casos. Já este domingo — dia da semana em que é sabido que o número de novos casos decresce devido à menor testagem ao fim de semana — Portugal registou mais 204 mortes e 3.508 novos casos de COVID-19, o valor mais baixo de novas infeções desde 3 de janeiro.

Pedro Simas reconhece que a "curva de decréscimo é tão abrupta" entre 28 de fevereiro e 6 de fevereiro devido à adesão "ao confinamento total", uma vez que "se não houver contactos e as pessoas aderirem às regras, os vírus não se conseguem transmitir", afirma o especialista do Instituto Molecular da Universidade de Lisboa. Além da diminuição de novos casos, os resultados do confinamento refletem-se na mortalidade com COVID-19.

"É fantástico. Está a ser tão bem executado que já se nota ao fim de duas semanas um decréscimo significativo no número de mortes. A 31 de janeiro tínhamos em média 288 mortes nos últimos sete dias e agora temos 253", diz o virologista, apontando para que esta seja a tendência. No entanto, Pedro Simas não deixa de referir que tal só foi possível graças aos "bons serviços de saúde", ainda que confrontados com as dificuldades que o Serviço Nacional de Saúde (SNS). "Só temos motivos para estar orgulhosos", disse.

"A variante inglesa não veio só para Portugal. Os outros países também a têm mas tomaram medidas que nós não tomámos"
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A juntar ao esforço que está a ser feito nos hospitais, os números refletem também o resultado de uma medida determinante: o encerramento das escolas e a consequente redução de circulação dos adultos. "É uma mensagem clara para a sociedade portuguesa. Quando se fecha as escolas é porque o assunto é sério ", afirmou o virologista.

Agora, o que é necessário é manter a tendência de decréscimo dos números e para isso, segundo Pedro Simas, é essencial continuar a cumprir o confinamento e as regras básicas: "Distanciamento físico, o uso da máscara e inibindo ao máximo os contactos desnecessário", reforça o especialista.

Contudo, isto não basta. Para que Portugal consiga efetivamente ser o melhor a controlar a terceira vaga e evitar uma quarta, é preciso não haver um relaxamento das medidas, como aconteceu durante e após o Natal.

Na opinião do virologista, o desconfinamento só deveria ter lugar quando o boletim diário da Direção-Geral de Saúde registar entre 700 a 1400 novos casos de infeção com COVID-19. “Seria ótimo e estaríamos num nível de segurança grande em que seguindo as regras conseguíamos controlar e evitar uma quarta vaga”, afirmou, estimando que entre duas a três semanas, Portugal possa atingir esses valores, permitindo então dar início ao processo de desconfinamento.