Patrícia Vieira é mãe de Santiago, 11 anos, que é aluno de ensino especial na Escola Básica do Cerco, no Porto, por ter síndrome de Asperger. O rapaz é vítima de bullying e agressões violentas por parte dos colegas.

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“A primeira agressão aconteceu dia 22 de novembro. Por volta das 15h30, o Santiago liga-me e diz ‘mãe, anda-me buscar à escola, porque têm-me batido’”, começou por dizer. “’Hoje enfiaram-me na casa de banho quatro meninos, um deles com 15 anos, onde me deram uma tareia’. O Santiago tem várias mazelas nas pernas, nos braços e atrás da cabeça, porque diz que levou pontapés, murros e depois de estar no chão diz que lhe pontapearam a cabeça”, contou Patrícia no programa “Dois às 10”, na TVI, acrescentando que fizeram queixa e que a escola suspendeu os alunos agressores.

Algum tempo depois, Santiago começou a ser “ameaçado” para pagar comida. “O Santiago chegou a casa e disse ‘tens de me dar outra vez dinheiro, porque eu fiquei sem dinheiro no cartão’. E foi quando ele me disse ‘oh mãe, têm-me ameaçado para pagar comida, disseram-me para eu pagar um compal e um pão e se não pagar rebentam-me a cara’. E eu participei novamente à escola”, disse.

A última agressão foi no dia 14 de março. “A professora de apoio de ensino especial, que o Santiago tem ensino especial por ter um síndrome, diz-me que o Santiago está a ser ameaçado. Tem de lhe dar 150 cromos e se não lhe der 150 cromos que lhe rebentava a cara. Eu pensei que a escola pudesse resolver, como é uma coisa entre miúdos, ainda por cima cromos. Nisto, o Santiago liga-me no dia a seguir e diz ‘mãe, anda-me buscar porque o tal menino dos cromos bateu-me’”, contou, acrescentando que lhe deu “um pontapé na cabeça” e lhe “empurrou das escadas”.

Santiago também deu uma entrevista para o “Dois às 10”, onde contou que lhe “tiram as coisas” e “partem tudo”, deram-lhe “chutos nas pernas e chutos na barriga” e afirma querer ir para outra escola onde possa ser mais feliz. “Se a tua mãe e o teu pai aparecerem aqui na escola, eu vou-vos esfaquear a vocês todos”, contou sobre uma das ameaças.

Além da síndrome de Asperger, Santiago “foi diagnosticado com ansiedade” devido a estes acontecimentos e toma medicação, sendo seguido em pedopsiquiatria, em genética, na maternidade e no centro de saúde por ter um transtorno psicológico. “O que nos dizem é que ele precisa mesmo de ensino especial, porque não sabe ler nem escrever muito bem com 11 anos”, afirmou a mãe.

As crises de ansiedade pioraram quando ameaçaram Santiago de que iriam “cortar” a cara da mãe com uma faca à porta da escola, caso não fizesse o que lhe estavam a mandar. “Eu prefiro morrer a ir para a escola”, disse Santiago à avó materna, segundo a mãe. “Roubam-me o material, roubam-me dinheiro, batem-me, cospem-me para a comida na cantina. Eu não quero ir para ali”, disse a criança à mãe.

Patrícia contou que pediu transferência de escola várias vezes, mas como é obrigatório o Santiago frequentar uma escola em Matosinhos e estas não têm vaga, a criança tem de continuar no mesmo estabelecimento de ensino.