As consultas relacionadas com doenças sexualmente transmissíveis, gratuitas para todos os utentes e a funcionar em regime de porta aberta, são cada vez mais procuradas no Hospital dos Capuchos, em Lisboa, por portadores de doenças como a sífilis e a gonorreia. O aumento da adesão tem sido exponencial de ano para ano, inclusive ao longo de 2020, durante a pandemia.

"No ano passado, todas as consultas reduziram a sua produção, exceto as diretamente relacionadas com a COVID-19 e a consulta de infeções sexualmente transmissíveis", explica Maria João Paiva Lopes, responsável pela especialidade de Dermatovenereologia do Centro Hospitalar Universitário Lisboa (CHULC), à agência Lusa, citada pela revista "Visão".

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Nos dias da consulta, realizada sempre às terças-feiras e as quintas-feiras, é habitual verificar-se fila à porta, uma vez que o atendimento funciona por ordem de chegada.

"É uma consulta que está aberta a todas as pessoas que não precisam de estar sequer inscritas no Serviço Nacional de Saúde, portanto, estrangeiros, imigrantes ilegais e os residentes de todas as áreas podem sempre vir que são bem-vindos", esclarece Cândida Fernandes, responsável pela consulta em questão.

Os diagnósticos mais comuns nesta consulta, diz a especialista, são "cada vez mais" a gonorreia, a sífilis e a infeção pelo Vírus do Papiloma Huamno (HPV). A clamídia e infeção por VIH não são tão frequentes.

Cândida Fernandes diz que o surgimento dos antirretrovirais, "que felizmente surgiram e são extremamente eficazes, tornaram o VIH uma doença crónica em que as pessoas vivem a sua vida com perfeita saúde física, emocional e sexual". No entanto, admite uma vez que a "preocupação com a infeção VIH tornou-se menos premente", se registou uma "diminuição das medidas de precaução".

Por isso, conclui, “tem havido um recrudescimento cada vez mais acentuado, nesta fase, das infeções sífilis, clamídia e gonorreia”.