Um professor da Faculdade de Direito da Universidade do Porto (FDUP) recusou dar o enunciado do exame de recurso da cadeira "História do Direito" a uma aluna de primeiro ano, conforme relata o HeforShe, núcleo da FDUP que luta pela igualdade de género. "Uma estudante viu ser-lhe negada a realização de um exame em virtude da forma como estava vestida", denuncia o núcleo na página oficial de Facebook.

O professor, identificado como Paulo Pulido Adragão, doutor em Direito Público do Estado e especialista nas questões relativas às relações Igreja-Estado, segundo o jornal "Observador", terá alegado que a estudante estava "muito destapada" e pedido que vestisse um casaco. De acordo com o HeforShe, a aluna cedeu "à pressão misógina", mas só lhe foi permitido fazer o exame após um colega ter, alegadamente, insistido com o professor de Direito Público do Estado.

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A situação indignou o núcleo da FDUP que considera "deplorável a forma como, em 2021, quem quer que seja ainda considerar que pode determinar como pode ou não uma mulher vestir-se". "Tão ou mais deplorável ainda é a forma passiva e de inação total da Faculdade perante a reincidência de casos deste género", pode ler-se na publicação do núcleo da faculdade. A HeforShe pede agora uma reação da Associação de Estudantes e da Direção da FDUP.

O caso, que aconteceu na passada sexta-feira, 2 de julho, tornou-se conhecido através das redes sociais do núcleo da faculdade, mas a denúncia foi feita por um telefonista da FDUP, segundo o Porto Canal.

Entretanto, a Associação de Estudantes já se manifestou e considera o que aconteceu uma "situação de discriminação, desrespeito e de sexismo", segundo um comunicado a que o Porto Canal teve acesso. Uma aluna relata ainda ao mesmo canal que há mais casos semelhantes na FDUP e outras faculdades do Porto. Já a Direção da Faculdade de Direito avançou com um processo de averiguações ao sucedido após ter conhecimento da situação que envolve o docente da instituição.