Entre 2018 e 2020 foram retiradas mais de 25 toneladas de sal e 6.256 toneladas de açúcar em alimentos abrangidos pelo Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS). Os dados foram divulgados esta sexta-feira, 4 de março, num relatório da Direção-Geral da Saúde (DGS) numa data simbólica: dia Mundial da Obesidade.
A pré-obesidade e a obesidade afetam 38,9% e 28,7% da população, respetivamente, revela o mesmo documento que com estas percentagens mostra a importância da alteração nos valores nutricionais dos alimentos, como tem vindo a acontecer nos últimos anos. "No global, estima-se que, entre 2018 e 2020, o volume total de sal e de açúcar dos alimentos abrangidos por este protocolo reduziu-se em cerca de 25,6 toneladas de sal e 6.256,1 toneladas de açúcar”, revela o relatório anual do PNPAS de 2021.
A principal redução foi conseguida nas pizzas, que estão dentro de uma redução global de sal na ordem dos 11,5% por 100 gramas nos produtos escolhidos para uma reformulação, como é o caso de "'batatas fritas e outros snacks salgados', 'cereais de pequeno-almoço' e 'pizzas'" — alimentos abrangidos pelo protocolo de colaboração entre a Direção-Geral da Saúde, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge, a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, a Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares e a NielsenIQ.
"Esta diminuição foi mais expressiva nos produtos alimentares da categoria das 'pizzas' (em 2021 registou-se uma diminuição de 22,3% do teor de sal (g), face a 2018). Destaca-se ainda que duas destas categorias ('cereais de pequeno-almoço' e 'pizzas') já atingiram a meta de redução do teor de sal (g) definida para o ano de 2022", continua o documento.
Quanto ao açúcar — muitas vezes escondido em alimentos para crianças na faixa etária dos 6-36 meses por designações menos diretas, de acordo com um recente estudo do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) — tem sido vencido através do protocolo do PNPAS. "No global, entre 2018 e 2021, o volume total de sal e de açúcar dos alimentos abrangidos por este protocolo reduziu-se em cerca de 25,6 toneladas de sal e 6256,1 toneladas de açúcar", avança o relatório.
Um dos principais fatores que permitiu a redução do açúcar foi a entrada em vigor da lei sobre o “Imposto Especial de Consumo de Bebidas adicionadas de Açúcar ou Edulcorantes” que teve efeitos notórios. "Desde a implementação do imposto sobre as bebidas açucaradas e adicionadas de edulcorantes, verificou-se uma tendência para a diminuição do teor médio de açúcar (gramas por 100 mL) até 2021. Esta tendência tem-se verificado quer para as bebidas abrangidas quer para as não abrangidas por este imposto", continua o documento.
Mudança de hábitos dos portugueses
É certo que tem havido um esforço de entidades públicas e privadas na reformulação de produtos alimentares e algumas medidas do estado tem ajudado a promover uma alimentação mais saudável, mas os portugueses também estão mais alerta e, de certo modo, foram forçados a mudar os hábitos alimentares.
De acordo com o relatório anual do PNPAS de 2021, "comparativamente ao período pré-pandemia, 36,8% da população inquirida reportou ter mudado os seus hábitos alimentares durante os primeiros 12 meses de pandemia, sendo que 58,2% tem a perceção de que mudou para melhor e 41,8% a perceção de que mudou para pior".
O balanço é assim positivo, com mais de metade da população inquirida a afirmar que mudou para melhor, sendo a principal razão para tal o facto de ter passado a fazer mais refeições em casa (33,4%). Também de peso, embora com impacto negativo para a saúde mental, estão as alterações no apetite motivadas por razões emocionais (24,9%), apontada o estudo.