O aumento do número de infeções por COVID-19 na última semana concentra-se nos jovens com idades compreendidas entre os 20 e os 29 anos. Esta tendência pode ser comprovada através do mais recente boletim epidemiológico, divulgado este domingo, 31 de outubro, que dá conta de que a maior subida de infeções aconteceu nessas faixas etárias.

Para Manuel Carmo Gomes, professor de Epidemiologia da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e também um dos especialistas ouvidos pelo governo durante o pico da pandemia em Portugal, esta subida justifica-se por "uma maior socialização dos jovens, nomeadamente em bares, discotecas e também nas praxes académicas", cita o jornal "Correio da Manhã".

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Ainda que o maior aumento de todos tenha acontecido nos jovens entre os 18 e os 24 anos, Carmo Gomes explica que o número de casos nestas faixa já começou a estabilizar. Isso, no entanto, não o impede de dizer que são os jovens "o grupo com o mais alto risco de infeção" neste momento, continua.

A situação epidemiológica em Portugal denota "uma tendência crescente" em todo o País, segundo a conclusão do mais recente relatório sobre a monitorização das linhas vermelhas, divulgado esta sexta-feira, 29 de outubro, pela Direção-Geral da Saúde (DGS) e o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).

Esta análise, feita com com base em "diferentes indicadores", "revela uma atividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade reduzida, mas com tendência crescente a nível nacional", segundo se lê no documento citado pelo "Diário de Notícias", que serve de alerta para o final do ano.

Portugal em estado de alerta até final de novembro

É com base neste contexto que as duas entidades preveem que Portugal possa ultrapassar a barreira dos 240 casos por cada 100 mil habitantes daqui a dois meses. Isto, claro, se esta taxa de crescimento em todo o País se mantiver.

A conclusão do relatório oficializado pela DGS e pelo INSA surge na mesma altura em que se sabe que Portugal continental vai permanecer em situação de alerta até, pelo menos, 30 de novembro, anunciou o governo na quinta-feira, 28 de outubro.

Por agora, as medidas de combate e prevenção à COVID-19 vão manter-se as mesmas, mas a ministra da Saúde, Marta Temido, fez prever um "agravamento" da crise sanitária, admitindo ainda adaptações às medidas caso haja necessidade disso mesmo.

“Temos vários fatores de contexto que são preocupantes: a situação europeia, temperaturas frias, circulação de vírus respiratórios associados ao período de temperaturas em que vamos entrar e maior tendência das pessoas se concentrarem em espaços menos arejados", referiu.

Nesse sentido, Marta Temido garante que "novas medidas ou eventuais adaptações far-se-ão se for necessário".