Foi há precisamente um ano que foram confirmados em Portugal os primeiros dois casos de COVID-19. Depois de vários meses a ouvir falar da doença, e de, por vezes, acharmos que ela ainda estaria longe de nos atingir, a 2 de março chegou a confirmação de que o País registava dois casos positivos do novo coronavírus.
Um médico de 60 anos, que havia regressado de Itália, foi o primeiro caso confirmado e manteve-se internado no Hospital de Santo António, no Porto. O segundo caso foi o de um homem 33 anos que teria regressado de Espanha, ficando internado no Hospital de São João, também no Porto.
Desde este dia, Portugal registou já 804 956 casos da doença, 720 235 pessoas já estão recuperadas e há ainda a lamentar 16 351 mortes por COVID-19. Foi um ano em que o País sofreu mudanças drásticas e a população se teve de adaptar à nova realidade. Portugal entra hoje no 12º Estado de emergência para conter a pandemia. Passaram doze meses desde que foram confirmados os primeiros dois casos de COVID-19 e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez questão de assinalar o dia com uma mensagem ao País onde elogia o Serviço Nacional de Saúde.
Numa nota publicada esta terça-feira, 2 de março, no portal da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa começa por falar da forma como os portugueses se foram ajustando à pandemia "umas vezes mais proactivamente, outras, infelizmente, mais reactivamente". "É desejável que, mais do que aprender com o que correu bem, tenhamos, todos nós, a capacidade de retirar lições com o que correu menos bem. Melhorarmos a capacidade de planear e antecipar cenários e respostas, reagirmos de modo mais célere e mais adaptado às circunstâncias, são exemplos de áreas que devem ser alvo da atenção atual e futura de todos nós."
Após estas palavras iniciais, o Presidente deixa um elogio ao SNS: "A importância primordial do Serviço Nacional de Saúde e dos seus dedicados profissionais, a complementaridade dos setores social e privado, ficaram claras para o cidadão e para a sociedade, a forma meritória como se organizaram na resposta à pandemia deixou evidente que este é um dos bens maiores que o País dispõe. Com a certeza de que o que façamos hoje irá determinar o nosso futuro, existem ainda muitas incertezas sobre qual vai ser a evolução desta pandemia."
Segundo o chefe de Estado, a esperança de ver terminar a pandemia reside "em larga medida, na vacinação em massa" estando esta atualmente dificultada pela escassez da entrega de vacinas por parte dos produtores. Na mesma nota, Marcelo Rebelo de Sousa realça os desafios que ainda podemos enfrentar, nomeadamente com o aparecimento de novas estirpes, podendo o combate "ser dificultado pelo cansaço na adoção das várias medidas, que continuam a ser essenciais, nomeadamente no uso de máscaras e no distanciamento social, e na necessidade da inevitável retoma da atividade do País."
O Presidente da República saúda ainda a forma como os portugueses "se organizaram e comprometeram na resposta a esta pandemia" e afirma que "esta é também a oportunidade para reafirmar o nosso compromisso no combate à pandemia, mantendo-nos igualmente fiéis na necessidade de se retomarem outras atividades na área da saúde, da educação e da economia em geral."
Apesar de os primeiros casos de COVID-19 em Portugal terem sido confirmados no dia 2 de março de 2020, um estudo divulgado esta sexta-feira, 26 de fevereiro, pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge refere que a transmissão comunitária do vírus já estaria a acontecer antes disso.
"As conclusões deste trabalho indicam que, apesar dos primeiros casos de COVID-19 notificados reportarem a 2 de março de 2020, terão existido potenciais introduções ainda no final de janeiro e que a grande maioria terá ocorrido a partir da última semana de fevereiro", pode-se ler no documento que refere ainda que, segundo um dos principais estudos que o INSA se propôs realizar desde o início da pandemia, "terão entrado em Portugal até 31 de março pelo menos 277 pessoas infetadas com SARS-CoV-2, com origem em 36 países diferentes".