Depois de o Patriarcado de Lisboa ter afastado um padre de todas as suas funções, fruto de suspeitas de um crime de violação, Maria (nome fictício) deu uma entrevista à TVI, na qual contou detalhes sobre o abuso de que foi vítima.

Maria e João Cândido Silva, o sacerdote de Cascais, conheciam-se há mais de 20 anos, mas só se reencontraram há uns meses numa confissão. "Confessei-me, mas nesse dia, quando me estava a confessar, ele tirou a estola e disse: isto não é uma confissão, somos amigos", lê-se na CNN Portugal.

Dessa confissão, no final de 2021, surgiu um caso amoroso cujos encontros tinham lugar na Capela da Ressurreição, em Cascais. "Ele escolheu a sala e pediu-me para não contar a ninguém que havia um caso entre nós, ficou aquela sala só para nós", adianta Maria, relembrado que o homem, capelão do hospital de Alcoitão, quis começar a ter relações sexuais consigo à força.

Até que, a 23 de junho, as tentativas culminaram na agressão sexual, segundo a mulher. “Ele quis sexo à bruta, queria que eu fosse a escrava sexual dele. Bateu-me, deixou-me toda negra. Eu gritava para ele parar — ‘Pára, João! Pára, João!’ — e ele não parou”, recorda à CNN Portugal.

Patriarcado de Lisboa afasta padre de todas as funções. Em causa está um crime de violação
Patriarcado de Lisboa afasta padre de todas as funções. Em causa está um crime de violação
Ver artigo

Maria terá conduzido até casa e, depois, um vizinho terá chamado uma ambulância. No hospital, a mulher alega ter feito exames, que constam no processo da investigação que está a decorrer. De seguida, apresentou queixa na GNR. Maria avança ainda que o padre, quando ficou a par da queixa que tinha sido feita, lhe pediu perdão e ofereceu 300 euros em numerário em troca de silêncio. “Tu vais preso. Vais pagar pelo que me fizeste a mim e a mais alguém", diz ter sido a sua resposta.

D. Manuel Clemente, o atual Cardeal Patriarca de Lisboa, também terá pedido à vítima para não levar o caso a público. "O senhor cardeal, D. Manuel Clemente, só me disse uma coisa: não vá com isto para a televisão", conta.

De relembrar que o caso já foi "comunicado às autoridades civis competentes" e que os "procedimentos canónicos previstos para este tipo de casos" também já estão a ser postos em prática, tendo o padre sido afastado de todas as suas funções "até ao apuramento dos factos", esclarecia a missiva da Igreja, publicada na segunda-feira, 1 de agosto.