Há quem odeie pés, quem não pare de os partilhar enfiados na areia ou debaixo de água nas redes sociais e aqueles que acham que são apenas mais uma parte do corpo.
No entanto, tal como temos cuidado com a nossa saúde geral, devemos fazer o mesmo com os membros inferiores do corpo — e os cuidados com os pés vão muito para além de cortar e pintar as unhas.
Memorize — estes são os hábitos que deve incluir na sua rotina
A velha máxima de lavar e hidratar diariamente, que devemos seguir para a pele do rosto, também se aplica aos pés. “Deve-se lavar os pés todos os dias, com água não muito quente e sabão de pH neutro”, explicou à MAGG Andreia Duarte, podologista, que acrescenta que, após a lavagem, “deve secar os pés cuidadosamente, especialmente entre os dedos, e com recurso a uma toalha macia”.
“É fortemente recomendado o uso de protetor solar nos pés para evitar o desenvolvimento de bolhas, dor e descamação plantar."
A hidratação não deve ser esquecida e a especialista recomenda a aplicação de um creme ou loção (especificamente concebidos para estas necessidades e adquiridos na farmácia) diariamente para manter a pele suave e hidratada, “e prevenir a secura extrema da pele, originando posteriormente as gretas e prevenir as calosidades. O uso diário de produtos hidratantes deixa a pele hidratada e mais elástica”.
No entanto, a proteção solar também é imperativa nos pés. “É fortemente recomendado o uso de protetor solar nos pés para evitar o desenvolvimento de bolhas, dor e descamação plantar. Caso contrário, sem o recurso a estes produtos e estando os pés expostos ao sol sem qualquer proteção, podemos chegar a um cenário de queimaduras no dorso no pé”, salienta a podologista.
Para controlar o suor, algo bastante comum assim que os valores do termómetro sobem, Andreia Duarte recomenda que se mantenham os cuidados de higiene e hidratação com os pés e acrescenta alguns conselhos.
“Deve privilegiar-se o uso de um pó anti-transpirante, o uso de meias de algodão e, caso note que transpira em demasia, mude de meias mais do que uma vez por dia”, reforça a podologista, que também afirma que se deve optar pelo uso de calçado arejado, “que seja permeável e impermeável ao mesmo tempo. Ou seja, que liberte a humidade causada dentro do calçado (permeável), e que evite a entrada de humidade da zona externa para dentro do calçado (impermeável)”.
No verão, também é desaconselhado o uso de sapatos sem meias — opte por meias de algodão sem costuras e que não apertem nas pernas e, como refere a podologista, “limpe bem o seu calçado, de preferência com spray antiséptico, e não repita o uso dos sapatos dois dias seguidos”.
De vital importância também é ter cuidado com as suas unhas e com a forma como as corta. Independentemente de recorrer a uma técnica profissional ou tratar dos seus pés em casa, Andreia Duarte aconselha que "corte adequadamente as unhas, sempre retas e sem cortar os cantos para não encravar. As cutículas também não devem ser retiradas. A sua função como mecanismo de proteção é fundamental para a prevenção de podopatologias".
Calos e secura dos calcanhares: os inimigos dos pés bonitos
Não são uma visão agradável. Os calos e as gretas dos calcanhares, consequência da secura extrema, para além de pouco estéticos, são muito dolorosos e tudo o que não desejamos ter nos nossos pés.
“Os pés estão sujeitos a uma tensão considerável”, explica Andreia Duarte. Para além de suportarem o peso do corpo, estão suscetíveis a um grande desgaste, como explica a especialista, que afirma que a secura extrema dos pés deve-se às infecções fúngicas.
“As infeções são a razão mais comum da secura e descamação dos pés. O eczema, por exemplo, é uma condição da pele que se manifesta através da descamação, prurido e secura em todo o corpo, incluindo as solas dos pés. A desidratação do organismo também pode provocar secura dos pés (caso não beba água suficiente)”, afirma a especialista.
As preparações comerciais, tais como tinturas e adesivos para calos, só tratam os sintomas e não o problema."
Para evitar tais problemas, e de acordo com os conselhos de Andreia Duarte, “é necessário consultar o podologista para que este possa fazer um diagnóstico diferencial do que está na origem da secura extrema. E, consoante a origem, aconselhar o tratamento mais adequado, que pode passar de cremes hidratantes, com ou sem ureia a anti-fúngicos.”
Quem apresenta fissuras nos pés deve também evitar o hábito de lixar os mesmos, pois ao remover as células mortas, o problema tende a piorar surgindo uma camada ainda mais espessa na região.
Já os calos e as calosidades são causados por atrito ou pressão sobre a pele, em regra devido ao calçado inadequado ou à atividade profissional ou desportiva que implica fricção e pressão constantes. “Porém, estas alterações podem ser indicativas de problemas mais complexos provocados por deformações na estrutura óssea ou alterações da própria marcha”, salienta a especialista.
O melhor tratamento para calos e calosidades é eliminar a fonte de pressão que os origina. “É importante examinar o seu pé, com recurso a ajuda profissional, de forma a encontrar a causa do excesso de pressão. Os dedos em garra ou as alterações do caminhar podem originar o aparecimento dos calos e das calosidades”, afirma a podologista, que acrescenta que “as preparações comerciais, tais como tinturas e adesivos para calos, só tratam os sintomas e não o problema. Assim sendo, a aplicação destes produtos na pele saudável que rodeia a calosidade pode ser potencialmente perigoso, e estas só devem ser usadas mediante aconselhamento profissional”.