Esta terça-feira, tornou-se público o processo interposto pela cinesta norte-americana A.M. Lukas a Nuno Lopes. Lukas acusa o ator português de a ter agredido sexualmente e, nos documentos publicados pelo "Daily Mail", entregues num tribunal em Brooklyn, Nova Iorque, na segunda-feira, 20 de novembro, a cineasta relata que estaria sob o efeito de alguma substância quando as alegadas agressões aconteceriam, a 28 de abril de 2006.
No comunicado em que reage a esta acusação, Nuno Lopes relata que terá recebido uma carta dos advogados de A.M. Lukas onde surge a acusação e também um pedido de indemnização. "Recentemente recebi com surpresa e choque uma carta vinda dos Estado Unidos por parte dos advogados de A. M. LUKAS, a acusar-me de ter drogado e violado A. M. LUKAS há 17 anos, pedindo-me que propusesse uma quantia monetária para este caso acabar, e um pedido de desculpas. Rejeitei ambos."
Em declarações à CNN Portugal, o advogado da também escritora norte-americana nega que tal pedido de indemnização monetária tenha acontecido. "Lukas nunca propôs qualquer quantia monetária para resolver este assunto, e também nunca propôs manter nada confidencial em troca de dinheiro", esclarece o causídico Michael J. Willemin, da firma Wigdor.
O advogado de defesa de A.M. Lukas diz ainda que a declaração de Nuno Lopes "é enganosa e incompleta". "O que Lukas pediu foi que ele assumisse a responsabilidade pública e proporcionasse restituição, e ofereceu-lhe a oportunidade de explicar como proporia fazer isso. Ele imediatamente (através dos seus advogados) comunicou que nunca se desculparia ou de outra forma assumiria a responsabilidade pelas suas ações."
Na declaração de Nuno Lopes, o ator afirma ter recusado "um acordo confidencial", tendo decidido avançar para tribunal com o processo. Michael J. Willemin assegura que essa declaração não só não corresponde à verdade como é o oposto do que Lukas pretende. "O objetivo da exigência era que ele assumisse responsabilidade pública, o que se recusou a fazer."
O advogado da norte-americana vai mais longe e acusa Nuno Lopes de estar a tentar "envergonhar e desacreditar" a sua cliente com o argumento do "pedido da restituição". "O facto de Lopes tentar agora usar esta tática, apesar de Lukas ter feito questão de pedir responsabilização, deixa claro que a tática do sr. Lopes faz parte de uma campanha de difamação bastante comum", salienta Michael J. Willemin.
Em comunicado enviado à comunicação social, Rute Oliveira Serôdio, que representa Nuno Lopes, revela o que aconteceu entre o alegado pedido de indemnização monetária e a entrada em tribunal do processo. "A Sra. Lukas, através do seu referido advogado, no dia 6.11.2023, informou-me via email — após me ter dito que durante o fim de semana revelaria a quantia que a cliente pretendia receber —, que a Sra. Lukas pretendia que fosse o Nuno Lopes a avançar com uma proposta de quantia monetária", pode ler-se.
"Confirmo que foi apresentada como uma condição para evitar que a ação fosse interposta. Ficou muito claro para todos que a ação seria tornada pública se o Nuno Lopes não indemnizasse a Sra. Lukas, e que publicidade seria dada à mesma, como foi. Nuno Lopes recusou negociar, como já referido por ele. Não assume culpa alguma, nem pagará qualquer valor. Prefere defender o seu bom nome e honra, o que fará em tribunal, ainda que no Tribunal Federal de Nova Iorque com os custos materiais inerentes", refere ainda a representante do ator.
A.M. Lukas acusa Nuno Lopes de agressão sexual e de a ter drogado 17 anos depois de o alegado episódio ter acontecido. Esta queixa só é possível ao abrigo da Lei dos Sobreviventes Adultos de Nova Iorque, que permite que vítimas de crimes sexuais possam processar os alegados agressores para lá do prazo de prescrição dos acontecimentos.
O estado de Nova Iorque permite, desde 24 de novembro de 2022 e até ao próximo dia 23, que as vítimas peçam indemnização por crimes já prescritos. De acordo com a CNN Portugal, já foram movidas mais de 2.500 ações judiciais, algumas das quais remontam à década de 1980.
No site oficial da firma de advogados que a representa, A.M. Lukas declara que não será "dissuadida" de procurar que se faça justiça. "O sr. Lopes teve a oportunidade de assumir a responsabilidade pelos seus atos, de reconhecer o que fez e de pedir desculpa pelos mesmos. Recusou de imediato e comunicou de forma veemente que nunca reconheceria qualquer erro. Não podemos aceitar um mundo no qual os perpetradores deste comportamento hediondo e desumano continuam a viver as suas vidas de forma normal, impunes e sem consequências sociais, enquanto as suas vítimas sofrem em silêncio. Não estou ansiosa pela forma como tenho a certeza de que os advogados do Sr. Lopes tentarão humilhar-me e invalidar-me", diz A.M. Lukas.