No documentário "Pretty Baby:Brooke Shields" que chegou esta segunda-feira, 3 de abril, à Disney +, a atriz de 57 anos fala do processo de se ter tornado um símbolo sexual quando ainda era uma criança. Brooke conta que deu o seu primeiro beijo com apenas com 11 anos de idade a um homem de 29 anos, durante as filmagens de "Menina Bonita", de 1978. De acordo com Brooke, a mãe e manager, Teri Shields, consentiu com tudo, e "achou que não haveria problema", revela o "The Independent".

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No filme "Menina Bonita", Brooke encarna a personagem de uma prostituta com apenas 11 anos. Numa das cenas, a atriz beija o ator Keith Carradine, e de acordo com a "TVInsider", o realizador Louis Malle terá ficado frustrado com a expressão facial de desagrado que Brooke fez ao beijar o homem. À época, o ator tentou tranquilizá-la, dizendo-lhe "sabes que mais? Isto não conta. É tudo a fingir".

Em entrevista ao "The Sunday Times", Brooke falou sobre a sua infância, e sobre a mãe, Teri Shields, que morreu em 2012. Durante a entrevista, a atriz terá sido confrontada com uma das partes do documentário em que fala com as suas filhas, Rowan Henchy, de 19 anos, e Grier Henchy, de 16, sobre o filme "Menina Bonita". Rowan terá dito que o filme se tratava de "pornografia infantil", e questionou a mãe: "deixavas-nos fazer isto com 11 anos?", ao que a atriz respondeu que "não". "Foi difícil para mim não justificar a minha mãe perante elas, mas depois perguntaram-me, e eu pensei 'oh deus, tenho de admitir isto'", referiu a atriz ao "The Times".

Brooke falou ainda sobre o início da sua carreira, nomeadamente o facto de ter posado nua para a "Playboy" com apenas 10 anos, e que não tinha coragem para contar às filhas o porquê de a mãe ter consentido com a participação de Brooke nestes projetos. "Quer dizer, eu podia dizer 'oh, eram aqueles tempos' ou 'oh, era arte', mas não sei porque é que ela pensou que não teria nenhum problema. Não sei".

Porém, a atriz fez questão de salientar que não guarda rancores da mãe. "Toda a gente sempre quis que eu ficasse com raiva dela, mas era muito triste para mim guardar raiva ao ver o quão insegura ela era". De acordo com o "The Independent", Brooke reconhece o quanto ainda sente necessidade de proteger a mãe, cujos problemas com o álcool foram expostos no livro da atriz "There Was a Little Girl: The Real Story of My Mother and Me", publicado em 2014.

"É tão inato quando és filho único de uma mãe solteira. Tudo o que queres fazer é amá-la e mantê-la viva para sempre, por isso eu queria protegê-la. E em virtude de protegê-la, eu estava a justificar tudo, e isso solidificou aquele vínculo entre nós", explicou Brooke Shields.

À revista "Rolling Stone", Lana Wilson, a realizadora do documentário, falou sobre a obra. "Este é um momento que eu queria apresentar porque, mesmo que a Brooke em criança estivesse totalmente ciente do papel que estava a interpretar, e mesmo que ela percebesse que atuar era a fingir, eu não consigo deixar de pensar: 'esta é uma menina real de 11 anos a ter de beijar um homem real de 29 anos'. Isso é inexplicavelmente real. E o impacto disso também é real. A Brooke de 11 anos expressou desconforto durante a filmagem deste momento, mas esse desconforto não foi levado a sério pelo diretor".

No documentário, Brooke Shields contou ainda que foi abusada sexualmente, mas que nunca teve coragem de denunciar o homem, um executivo de Hollywood. "[Eu pensei] ninguém iria acreditar em mim. As pessoas não estavam a acreditar nessas histórias naquela época. Pensei que nunca mais trabalharia", revelou a atriz à "People", assumindo que "foi um milagre" ter sobrevivido.

De acordo com a atriz, o homem teria convidado Brooke para jantar, e mais tarde abusou sexualmente dela no seu quarto de hotel. "Eu continuei a dizer, 'não devia ter feito aquilo. Porque é que eu fui para cima com ele? Não devia ter tomado aquela bebida ao jantar", afirmou a atriz, que se culpa pelo sucedido.

"O filme e a história da Brooke, para mim, não são apenas sobre Hollywood. É sobre a objetificação de meninas e mulheres em geral. A Brooke é uma versão nuclear de como é ser-se tratada como um objeto belo, objetificado por milhões de pessoas sem que elas tenham consciência disso. O que o documentário pergunta é: que tipo de impacto psicológico é que isso causa numa pessoa?", referiu Lana Wilson.

Veja o trailer do documentário.