Num comunicado conjunto, assinado pela atual mulher, a ex-mulher e os cinco filhos de Bruce Willis anunciaram que o ator de 67 anos tem agora um diagnóstico mais concreto, demência frontotemporal (DFT). Em março de 2022, Willis abandonava a carreira de ator, após ter sido diagnosticado com afasia, distúrbio da comunicação adquirido, que interfere na capacidade de processamento da linguagem.
"Infelizmente, as dificuldades em comunicar são apenas um dos sintomas da doença que Bruce enfrenta. Embora isto seja doloroso, é um alívio termos um diagnóstico mais concreto", diz a família do ator norte-americano, que disponibilizou também uma longa explicação sobre o que é a demência frontotemporal.
"Para pessoas abaixo dos 60 anos, a demência frontotemporal é a forma mais comum de demência e, porque o diagnóstico pode demorar anos, é muito mais prevalente do que sabemos. Não existem atualmente tratamentos, uma realidade que esperamos que mude nos próximos anos. À medida que a condição de Bruce progride, esperamos que a atenção mediática seja orientada para que haja mais consciencialização e investigação".
"Bruce sempre acreditou em usar a sua voz para ajudar os outros e chamar a atenção para temas importantes, tanto em público como em privado. Acreditamos que, se ele pudesse, chamaria a atenção e tentaria unir todos os que estão a lidar com esta doença debilitante, que afeta tantas pessoas e respetivas famílias". O comunicado é assinado por Emma, a atual mulher do ator, Demi Moore, ex-mulher, e os cinco filhos (Rumer, Scout, Tallulah, Mabel e Evelyn).
O que é a DFT?
De acordo com a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer, Demência Frontotemporal (DFT) é nome dado ao tipo de demência em que ocorre degeneração de um ou de ambos os lobos frontais e temporais do cérebro.
Os lobos frontais regulam o humor, comportamento, julgamento e auto-controlo. A existência de lesões nestes lobos leva a alterações da personalidade e comportamento, modificação da forma como a pessoa se sente e expressa as emoções e, também, à perda da capacidade de julgamento.
Os lobos temporais organizam os inputs sensoriais (visão e audição, por exemplo). A existência de lesões nestes lobos pode levar à dificuldade na organização de palavras e imagens em categorias.
Consoante os lobos afetados, podem ocorrer quatro tipos de doença (Demência Frontotemporal, Afasia Progressiva não-Fluente, Demência Semântica e Doença de Pick). A DFT, doença diagnosticada ao ator, é a mais comum e caracteriza-se por uma perturbação do comportamento. As pessoas com DFT podem ser desinibidas ou apáticas.
Como se manifesta?
Os sintomas iniciais podem afetar o comportamento e, algumas vezes, a linguagem. As pessoas podem manifestar alterações no caráter e no comportamento social. Por exemplo: demonstrar insensibilidade para com os outros, tornarem-se obsessivas e repetir a mesma ação várias vezes.
Os problemas de linguagem ocorrem frequentemente no início da doença e podem ir de um discurso limitado à total perda da linguagem. As pessoas afetadas pela doença podem repetir frases inúmeras vezes ou ecoar aquilo que os outros dizem. Em vez de conseguir encontrar a palavra certa para nomear um objeto, a pessoa pode apenas conseguir descrevê-lo. Por exemplo, em vez de dizer relógio, a pessoa pode referir-se a este como aquilo que serve para ver as horas.
Quem afeta?
Apesar de poder atingir pessoas de quaisquer idades e género, tem início normalmente entre os 40 e os 65 anos.
Quais são as causas?
Cerca de metade das pessoas com DFT têm história familiar da doença. Aqueles que a herdam parecem ter uma mutação no gene da proteína tau, no cromossoma 17, o que leva à produção de uma proteína tau alterada.
Como é feito o diagnóstico?
Há várias técnicas usadas, desde a imagiologia cerebral, eletroencefalograma ou testes neuropsicológicos. Estes testes podem ajudar a determinar se a demência é de tipo Frontotemporal ou se é de outro tipo, como por exemplo doença de Alzheimer. Tal como no caso da doença de Alzheimer, o diagnóstico só pode ser confirmado após a morte, pelo exame do tecido cerebral.
Há algum tratamento?
Não. Esta é uma doença de deterioração progressiva, com esperança de vida de 2 a 15 anos, sendo a média de 6 a 12 anos. A morte ocorre, normalmente, devido a uma infeção. Os sintomas secundários, como a depressão, bastante comum em doentes com demência, pode ser menorizada através de medicação.
De acordo com a Associação Portuguesa de Familiares e Amigos dos Doentes de Alzheimer, "a gestão da doença baseia-se no desenvolvimento de estratégias para lidar com a mesma". "Em vez de tentar modificar o comportamento da pessoa afetada por este tipo de demência, os familiares e cuidadores podem desenvolver as suas próprias estratégias para lidar com a pessoa com a doença, tal como evitar a confrontação e arranjar forma de contornar as obsessões".