É um longo vídeo, dividido em stories, e que pretende explicar, passo a passo, como é que "a" fotografia da polémica foi obtida. Uma semana depois de ter sido mãe pela primeira vez, Catarina Gouveia decidiu falar com os seus seguidores para responder à avalanche de críticas de que foi alvo após a publicação desta imagem.
A influenciadora de 34 anos começa por explicar que decidiu afastar-se das redes sociais para estar "emocionalmente estável" para se dedicar à filha. "Decidi distanciar-me daquilo que me estava a criar alguma toxicidade e daquilo que se tornou impraticável, que foi o poder consumir a minha própria casa digital. Abrir o meu Instagram tornou-se impossível porque era um campo de batalha entre mulheres que se agrediam umas às outras ou que me agrediam diretamente ou gratuitamente, mesmo com agressões disfarçadas de humor. Eu não vou dar grandes espaços de discursos sobre o que é o respeito (...) acho que não faz sentido quando se percebe que falamos muito e pouco praticamos o respeito pelo outro", lamenta.
Catarina salienta que nunca foi a sua intenção magoar ninguém com a fotografia e continua, dizendo que fez questão de dar um contexto à sua experiência de parto, descrevendo-a como "avassaladoramente positiva". "Vim dar a voz — fi-lo através de uma fotografia que não foi bem interpretada — a uma experiência que foi muito positiva."
Durante vários stories, a atriz e influenciadora digital, casada desde outubro de 2020 com Pedro Melo Guerra, conta, passo a passo, como é que chegou à decisão de tirar a fotografia que tantos comentários gerou.
"Quando cheguei ao hospital já estava numa fase de parto muito avançada. Estava com seis, sete centímetros de dilatação. Foi tudo muito rápido, às 2h da manhã já estava com a minha bebé nos braços. Tive um parto muito respeitado, não instrumentado, vaginal, na posição que eu escolhi, sem episiotomia, com o períneo íntegro. Quando passei para o recobro, andava de um lado para o outro com a minha bebé", relata, salientando que foi "doloroso, duro e um desafio".
Ao contrário de toda a especulação em torno da imagem, Catarina Gouveia não foi maquilhada nem penteada por profissionais, nem tão-pouco fotografada por uma profissional. "No dia seguinte recebemos os pais do Pedro e eu só perguntava à minha médica quando é que podia ter alta porque eu estava tão feliz e só queria trazer a minha bebé para casa". A influenciadora ficou mais um dia no hospital e, na sexta-feira, 27 de maio, dois dias após o nascimento da filha, decidiu tirar a fotografia.
"Na sexta-feira fui tomar um banho, penteei-me, fiz a minha rotina diária normal. Ponho o meu BB cream, um bocadinho de rímel, um bocadinho de blush. Pus um baton do cieiro, que tenho sempre na mala, que tem cor. Não é uma grande maquilhagem. Decidi pôr-me bonita e sim, tinha uma camisa de noite branca", conta Catarina Gouveia, mostrando depois que estava a usar uma "fralda ajustável".
A fotografia, relata a influenciadora digital, foi tirada pela irmã do marido. "O único aspeto ficcionado foi o Pedro. Ele não queria aparecer". A influenciadora diz que a cama estava feita desde manhã e que não foi composta para a fotografia. "Foi uma fotografia que eu nunca pensei que pudesse gerar tanta polémica, tantas ofensas e tanto julgamento", lamenta.
"Não tenho empregadas, não tenho ajuda da minha mãe. Foi uma escolha dos dois estarmos a viver estes dias, os três, sozinhos"
Os dias que se seguiram à partilha da imagem fizeram com que se afastasse das redes sociais. "Partilhei a fotografia e, de repente, deixei de poder consumir o Instagram. Pedi às pessoas para evitarem falar no assunto porque ganhou uma proporção gigante e percebi que me estava a começar a afetar. Lamento que tenha sido esta a interpretação de tantas pessoas e, ao mesmo tempo, espero ser uma lufada de ar fresco para quem ainda não foi mãe e possa ouvir o meu relato. Comigo, graças a Deus, correu tudo bem. Tenho consciência de que fiz escolhas, ao longo da gravidez, que influenciaram este desfecho, sempre com a presença de que muitas coisas não iam ser controladas por mim", salienta.
A influenciadora digital conta que, apesar de estarem a ser "dias muito maravilhosos", está a ter dificuldades com a "privação de sono". E faz questão de desmistificar outra ideia. "Eu não tenho empregadas, eu não tenho ajuda da minha mãe, que queria muito vir ajudar-me, a minha sogra também. Foi uma escolha dos dois estarmos a viver estes dias, os três, sozinhos. E tem corrido muito bem", salienta.
A influenciadora digital afirma ainda que a sua experiência e a partilha que fez nas redes sociais expressa a sua individualidade. "Eu não me posso sentir inibida de partilhar esta experiência, este lado bom, que está a ser, porque a maior parte das mulheres não tem esta experiência. Porque eu acho que o conceito do Instagram é mesmo este. Este é o Instagram da Catarina. Eu não tenho a obrigatoriedade de representar, numa fotografia em que comunico o nascimento da minha filha, a Maria, a Joana, a Filipa, a Rita. Eu só tenho de me representar a mim e aquilo que foi para mim o momento. E aquele momento, aquela fotografia, não foi ficcionada. Eu não levei um cabeleireiro, não levei uma maquilhadora, não levei uma equipa para o hospital. Podia fazer isso na mesma e era digna de respeito. Mas não o fiz e é por isso que estou aqui a falar convosco."
Calma, apesar de visivelmente triste com as reações, Catarina Gouveia salienta. "Não sou menos mãe, menos inteligente ou, como li, que sou uma fútil, por escolher tomar conta de mim no momento em que a minha filha está a dormir, dedicar-me um bocadinho ao meu self care".
E acrescenta: "Se alguém não concorda, está no seu direito. Mas não pode desrespeitar". O vídeo termina com Catarina Gouveia a mostrar uma fotografia em que surge, recém-nascida, ao colo da mãe. Esta imagem foi-lhe enviada pela progenitora, com uma mensagem, relembrando que também se arranjou e maquilhou para a ocasião. "E foi mãe solteira, tomou conta de mim sozinha. E, acreditem, é a melhor mãe do mundo, não foi menos mãe por isto."