Cristiano Ronaldo falou pela primeira vez sobre a morte de um dos filhos gémeos, que aconteceu em abril de 2022. Na muito aguardada entrevista concedida ao jornalista britânico Piers Morgan, o futebolista português descreve a morte de Ángel como "o pior momento" da sua vida. "Quando tens um filho esperas que tudo seja normal e quando tens um problema desses, é difícil. Eu e a Georgina vivemos um momento muito difícil porque não percebíamos porque é que tinha acontecido. Foi difícil perceber o que estava a acontecer naquele período da nossa vida. O futebol continua, há muitas competições. E aquele foi o momento mais difícil da minha vida, em especial para a Georgina", confessou.

"Tivemos um momento difícil mas eu disse 'temos mais filhos. Temos um, Bella, por quem temos de estar felizes'", recorda Cristiano Ronaldo. O futebolista diz também que foi um momento de emoções contraditórias. "É tão difícil explicar. Não sabemos se choramos ou sorrimos. Não sabemos como reagir, não sabemos o que fazer", recorda.

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Bella e Ángel nasceram em abril de 2022 mas apenas a menina sobreviveu. Cristiano Ronaldo é pai de Cristianinho, de 12 anos. Juntamente com Georgina Rodríguez, é pai dos gémeos Mateo e Eva, de 5 anos e de Alana Martina, também de 5 anos. O craque português explica como é que, regressados do hospital, explicaram às crianças que o irmão não tinha sobrevivido.

"Quando chegámos a casa, eles perguntaram 'papá, onde está o outro bebé?'. Tive uma conversa com o Cristianinho naquele dia. E, como ele tem 12 anos, compreendeu tudo. Tivemos uma boa conversa, chorámos juntos no quarto dele. Ele percebeu mas, ao mesmo tempo, ficou confuso. Os outros, à mesa, começaram a perguntar onde estava o outro bebé. Ao fim de uma semana, disse à Gio: 'vamos ser frontais com os miúdos. Vamos dizer que o Ángel foi para o céu'", conta.

O capitão da Seleção Nacional diz que este momento de dor o tornou mais próximo não só dos filhos mas também da companheira. "Sinto ainda mais amor por ela, pelos meus filhos, e comecei a ver a vida de uma perspetiva diferente", explica, justificando porque é que não compareceu na pré-época do Manchester United, no verão de 2022.

Questionado por Piers Morgan sobre se conversa com o filho, Cristiano Ronaldo diz que o faz todos os dias. "As cinzas do meu filho estão comigo, ao lado das do meu pai. É algo que quero guardar para o resto da minha vida. Não as vou atirar ao mar. Tenho uma pequena capela em casa, onde guardo as cinzas do meu pai e do meu filho. Falo com eles, estão do meu lado, ajudam-me a tornar-me uma pessoa melhor".

Cristiano Ronaldo revela ainda que, quando perdeu o filho, recebeu uma carta de condolências da família real britânica. "Surpreendeu-me muito. Respeito muito os ingleses porque eles foram muito carinhosos comigo naquele momento difícil da minha vida".

Quanto ao casamento com Georgina, poderá acontecer... mas não num futuro próximo. "Não vai acontecer para já, nos meus planos, mas no futuro sim. Eu mereço, a Georgina merece", esclarece.

CR7 diz que Manchester United "parou no tempo"

Nesta primeira parte da entrevista (a segunda será emitida esta quinta-feira, 17, no canal britânico TalkTV), CR7 revela que,  no Verão de 2021, esteve quase para ir da Juventus para o Manchester City. "Esteve quase para acontecer", revela Cristiano Ronaldo. "A minha história com o Manchester United fez a diferença. Eu fiquei surpreendido mas foi uma decisão consciente porque o coração falou mais alto naquela altura". CR7 conta ainda que Alex Ferguson, antigo treinador do Manchester United, foi "a chave".

O jogador é questionado sobre a situação do clube quando regressou. "Fiquei surpreendido mas pela negativa. Vi que tudo estava igual. Pararam no tempo, não estava à espera", explica CR7. Da piscina ao ginásio, passando pela tecnologia, à cozinha, o clube britânico "parou no tempo". "Estava à espera de outra coisa", admite o jogador português.