A primeira entrevista do duque de Sussex foi transmitida este domingo na ITV. Tom Bradby, jornalista do canal britânico, entrevistou-o na Califórnia, onde Harry e Meghan vivem com os filhos, Archie e Lilibet.
Tal como a entrevista ao programa "60 Minutes", da norte-americana CBS, esta conversa acontece no âmbito do lançamento de "Na Sombra", livro de memórias do príncipe, que chega às livrarias a 10 de janeiro. Ao longo de 90 minutos, e tal como detalha no livro, o filho mais novo do rei Carlos III lança acusações que têm como principais alvos a imprensa britânica, em primeiro lugar, e depois a casa real. Harry diz que, desde que iniciou a sua relação com Meghan Markle, foram "plantadas" histórias falsas nos meios de comunicação social tendo como fonte pessoas ligadas à casa real. O príncipe não especifica quem são essas pessoas mas, a determinada altura, afirma que o gabinete de imprensa do pai e da madrasta, Camilla Parker-Bowles, o fizeram.
Confrontado com o relato de uma suposta conversa que terá acontecido com um membro da família real, quando Meghan Markle estava grávida de Archie (relato esse feito na entrevista dos duques de Sussex a Oprah Winfrey, em 2021), Harry diz que nunca houve acusações de racismo. "A imprensa britânica disse isso. A Meghan alguma vez disse que eles eram racistas?", questiona o príncipe. "Havia preocupações sobre a cor da pele dele", salienta. Na altura, a entrevista do casal levou a que o palácio reagisse, num comunicado em nome da rainha. E, nesse comunicado, é usada a palavra 'raça'. "Os problemas levantados, em particular o da raça, são preocupantes. Embora as memórias possam variar, são levadas muito a sério e serão discutidas pela família em privado". Questionado pela imprensa na altura, o príncipe William também usou o termo. "Não somos mesmo uma família racista", afirmou na altura.
Quase dois anos depois, Harry salienta que nunca acusaram a família de racismo. "Eu não diria que isso é racismo, pensando na minha própria experiência. Há uma diferença entre racismo e preconceito inconsciente. Quando te apontam isso, sejas uma pessoa ou uma instituição, tens a oportunidade de ganhar consciência disso e crescer, para fazeres parte da solução e não do problema. Se não, o preconceito inconsciente cresce e passa a ser racismo", explica.
O príncipe salienta ainda que "nunca" revelará com quem aconteceu essa conversa. "A palavra chave é preocupação, e isso foi perturbador. Mas se falar com qualquer casal birracial, em qualquer parte do mundo, perceberá que, provavelmente, o lado da família branca ou terá falado abertamente ou em segredo sobre qual será o aspecto da criança. E isso faz parte de uma conversa conjuntural que é preciso ser tida. Mas dizer que isso só se passou ali e não se passa no resto do mundo não é verdade", explica.