A última edição da Web Summit juntou em palco dois nomes incontornáveis da comunicação em língua portuguesa, que se transformaram numa marca, graças ao trabalho desenvolvido no entretenimento. Cristina Ferreira, que foi entrevistada por Bruno Rocha.
Mais conhecido por Hugo Gloss, pseudónimo que, há quase duas décadas, criou na rede social X para escrever comentários divertidos sobre celebridades e entretenimento, o jornalista brasileiro criou uma marca de informação sobre entretenimento e celebridades que conta com 30 milhões de seguidores nas plataformas digitais.
Óscares, prémios MTV, Emmys, entrevistas a estrelas como Lady Gaga, Tom Cruise ou Hugh Jackman, eventos e festivais um pouco por todo o mundo, do Rio de Janeiro a Los Angeles, de Tóquio a Paris. Uma vida aparentemente glamourosa mas que, como conta em entrevista à MAGG, tem como pressuposto e objetivo o que o fez iniciar uma carreira no mundo do jornalismo: o compromisso com o leitor.
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Como é que transformou a sua persona online numa marca e a tornou num negócio rentável?
Eu acho que isso é uma coisa relativamente nova no mundo inteiro. No início, os jornalistas estavam muito reféns dos meios de imprensa, que nos davam prestígio e plataforma. E eu acho que a internet trouxe possibilidades de você começar a ser mais dono do seu próprio trabalho. Quando comecei, não sabia o que estava fazendo. Não posso dizer que fui visionário. Adoraria, mas não consigo mentir desse jeito. Eu fui vivendo no instinto. E eu não sabia que isso era possível. O que aconteceu é que eu sempre tive um interesse muito genuíno pelo mundo do entretenimento, da cultura no geral. O meu grande sonho era trabalhar numa grande emissora de TV, nunca foi ser famoso. Eu já estaria muito satisfeito porque eu fui fazer comunicação por conta disso, no "Caldeirão do Huck", programa do Luciano Huck, na Globo.
Onde foi guionista.
Sim. Eu comecei por conta da internet. Eu criei a marca por brincadeira, porque tinha medo de escrever com o meu próprio nome. Nunca imaginei que se tornasse um trabalho. O processo de criar a marca e se tornar um veículo veio instintivamente, pelas coisas que eu gosto, o meu prazer de fazer. Eu falei 'vamos profissionalizar isto, eu quero ter mais espaço, não quero ficar apenas nas redes sociais'. Foi uma coisa muito natural, tornou-se uma marca e eu virei o rosto dessa marca. Porquê? Porque as redes sociais começaram a ter muita demanda de imagens. Eu comecei no Twitter (atual X), só havia 140 caracteres. Você não precisava ser bonita, ter a vida perfeita, tinha é que ser esperto, escrever coisas que viralizassem, com que as pessoas se identificassem e repostassem.
Hoje é um veículo com uma marca, o que é positivo e negativo ao mesmo tempo para mim, porque isto acaba por afetar a minha relação com as pessoas. Estando num ambiente jornalístico, o meu compromisso é com o público. Então, eu trato de entretenimento, cinema, TV, mas também trato de celebridades. E as celebridades são pessoas. Quando você se torna uma pessoa pública, você convive com essas pessoas. E isso pode dificultar o meu trabalho. Eu não consigo colocar as minhas relações pessoais atrás dos meus motivos profissionais. Para mim, as relações pessoais são muito mais importantes. E isso, às vezes, compromete um pouco. Eu fico numa saia justa, 'como vou proceder neste momento?'. Às vezes entro em alguns conflitos que tento resolver em terapia (risos).
Ao fim do dia, ganha o lado da celebridade ou do jornalista? Porque acredito que já lhe tenha acontecido ter de dar uma notícia sobre uma celebridade com quem tem uma boa relação.
É bem complicado mas eu não tenho como comprometer tudo o que eu construí com o meu trabalho por conta de uma pessoa. Além disso, não sou só eu. Eu emprego muita gente. E temos um compromisso com a nossa audiência. Acho que você tem de trabalhar com ética. Não gosto de fazer nada que vá prejudicar o outro. Eu trabalho com factos, com notícias. Muitas vezes, sei de coisas antes e o que faço é entrar em contacto com as pessoas. É uma posição minha porque eu sou uma pessoa muito política. Eu não gosto de indispor as pessoas, tenho muito problema com conflito, então prefiro evitá-los. Mas, às vezes, faz parte. Há um compromisso ético. Eu acho que você tem que fazer o seu trabalho, mas existem formas de fazê-lo. Existem formas que causam menos dano a outras pessoas.E é como eu procuro agir.
"Acho que todo mundo tem e deve dar opinião, mas informação é uma coisa diferente de opinião"
Sempre olhámos, em termos de comunicação, para o Brasil como estando muito à frente. E o que vemos no mercado brasileiro é uma quantidade absurda de informação, mas também muita desinformação, fake news. E não só no entretenimento, mas a nível político, no Brasil, nos Estados Unidos, e que agora também se reflete num país mais pequeno como Portugal. Como é que vê essa batalha entre quem quer fazer jornalismo, quem quer trabalhar a verdade, e as fake news?
Ao mesmo tempo que eu sou uma cria da internet e eu sou apaixonado, grato, eu acho que também a gente, com as redes sociais, tudo foi se reinventando muito. E uma coisa que é positiva e negativa é que hoje todo mundo tem voz. Então, a partir do momento que todo mundo tem voz, inúmeras narrativas podem ser criadas.
Para um jornalista, existe uma coisa muito valiosa e muito necessária que se chama apuração. Que é você pegar o seu telefone e você falar, 'olha, é isso, isso, isso, não, não é isso, isso'. Você cruza informações, você procura testemunho, você chega no facto em si e você é notícia. Sempre correndo o risco também de ter sido tudo manipulado e você estar errado.
Todo mundo diz que a verdade tem o que de fato aconteceu e a versão de cada um. O papel do jornalista é aproximar-se o máximo possível do que realmente aconteceu. E, infelizmente, hoje em dia, com tantas oportunidades, há várias pessoas que não estão comprometidas dessa forma. Querendo ou não, hoje em dia, quanto mais audiência você tem, mais dinheiro você ganha e muita gente não está interessada em trabalhar eticamente, está interessada em dinheiro, está interessada em acesso, em relevância, em ser partilhado, etc.
O que eu esperaria da sociedade é que buscasse fontes de informação confiáveis, respeitadas, que tenham uma reputação comprovada, que tenham jornalistas, pessoas que estudaram para isso e estão comprometidas com isso. Acho que todo mundo tem e deve dar opinião, mas informação é uma coisa diferente de opinião.
"Estabeleceu-se um novo sonho brasileiro, que é esse de ir para o mundo, representar, elevar as coisas"
Escrever sobre famosos ou entrevistar famosos na área do entretenimento sempre foi o seu sonho?
Não. Eu sempre fui muito fascinado por esse mundo, por influência da minha família, especialmente da minha avó materna. Quando eu ficava na casa dela ela comprava todas as revistas de celebridades e ela gostava de assistir aos programas, comentava e dava opinião. Acho que ela criou esse fascínio em mim.
Mas, como eu sou de Brasília, capital do Brasil, que é bem distante de onde acontecem as coisas, o Rio [de Janeiro] e São Paulo, eu não tinha essa perspectiva de que isso fosse acontecer comigo. Era uma coisa que eu consumia como hobby, como um prazer. Eu assistia à cerimónia dos Óscares, gostava de assistir todos os filmes e ter minha opinião. Fazia tabelinha, 'eu acho que tal filme vai ganhar, acho que esse ator vai ganhar'. E ficava todo feliz, sozinho em casa. 'Ai, acertei, nossa! A minha opinião valeu alguma coisa'. Então, eu fazia isso tudo muito para mim. Eu não digo que era um sonho, porque eu achava impossível. E o que me deu essa porta foi a internet. Eu fiquei bem surpreso, e eu continuo surpreso. Eu estar hoje aqui, falando com você, eu ter estado na Web Summit, ter ido ao programa da Cristina [Ferreira], eu fico muito impressionado. Eu estou vivendo o sonho cada dia, me surpreendendo a cada dia.
Na sua biografia diz que é "filho da pobreza material". Acha que, a par de pessoas como a Anitta, simboliza o sonho brasileiro, aquilo que as pessoas no Brasil aspiram a ser?
A Anitta é, hoje em dia, a maior artista brasileira e isso é inquestionável. Ela rompeu barreiras. E eu e a Anitta, nós somos muito contemporâneos. Para vocês terem noção, ela tocou numa festa minha de aniversário em 2013! A gente vê caminhando na carreira há muito tempo. Um dos primeiros MTV EMAs [European Music Awards] que ela foi, eu também estava lá, e a gente se encontra, a gente fala, 'a gente está aqui!'. Eu torço muito para o sucesso dela e eu me reconheço muito nela. Obviamente, cada um na sua proporção, no seu devido segmento, mas é uma pessoa muito inspiradora.
Eu acho que essa questão do sonho brasileiro talvez esteja começando a se moldar agora por conta da gente mesmo. Porque antes isso não era muito possível. Você vê artistas brasileiros populares - eu não estou falando da MPB, que sempre foi muito respeitada -, estou falando de coisas do povo. Eu acho que hoje em dia se estabeleceu um novo sonho brasileiro, que é esse mesmo, de ir para o mundo, representar, elevar as coisas. A Anitta mostrou que é possível. Eu, dentro da minha realidade, mostrei que é possível. Eu acho que tudo foi mudando. Antes, o sonho brasileiro era sobreviver, ganhar dinheiro, ficar rico e conquistar esse mundo todo. Era um sonho muito novo ainda. Eu acho que as próximas gerações vão mostrar ainda muito mais do que a gente conseguiu.
Como é que vê o impacto que o Brasil tem internet, sobretudo nestes últimos anos. Exemplos concretos: a Netflix fazer um TUDUM no Brasil. A digressão de promoção de "Bridgerton" passou pelo Brasil. Como é que percepciona que isso tem impactado o entretenimento?
Bom, a gente tem que primeiro partir do princípio de que o Brasil é um país continental. Nós somos uma grande parte da América. Então, a partir do momento em que somos mais de 200 milhões, cada um tem voz e tem poder e você dá plataforma para todas essas pessoas terem voz e falar. É uma força muito poderosa. E é óbvio que a indústria quer ir aonde as pessoas estão, porque isso gera renda. O artista chega no Brasil, os fãs cantam mais alto do que eles. São pessoas muito apaixonadas. Somos latinos também, além de tudo. Então, é um país muito poderoso e que eu acho que, com essa questão da internet, ele se reconheceu. Temos biliões de pessoas fazendo coro juntas e estamos mostrando que somos uma potência. Eu acredito que o futuro do Brasil, não estou falando só de entretenimento, estou falando como potência mundial, é crescer cada vez mais, caso nossos governantes tornem isso possível.
O Brasil é um país com uma força completamente desmedida, da qual nós, portugueses, temos mais perceção, por causa da língua, do que o resto do mundo tem. O que é que falta ao Brasil para ter líderes que reflitam essa força?
Eu acho que no mundo inteiro estamos vivendo um momento muito polarizado entre esquerda e direita, conservadorismo e pessoas que são mais liberais. Eu acho que estamos muito nesses pólos e o que está faltando encontrar é o que, na verdade, é o mais difícil, que é o equilíbrio, que é o foco no positivo. Acho que as pessoas estão muito presas a ideologias e querendo defender o que elas acreditam, os seus dogmas. E se esquecem do objetivo comum, que é levar o povo para um lugar melhor, dar melhores condições de trabalho, dar mais educação, que para mim é a coisa mais importante que qualquer ser humano pode ter. Eu estou aqui, graças a Deus, porque estudei muito e fui atrás disso. E hoje em dia a gente vive uma realidade no Brasil, em que as pessoas têm que escolher trabalhar ou estudar porque elas podem ficar sem ter o que comer. Você acaba limitando até onde a pessoa pode chegar, porque ela poderia ser um ponto fora da curva, mas ela tem que sobreviver.
"Prefiro ter uma relação saudável e duradoura do que ter vários envolvimentos muito rápidos que vão consumir o meu emocional"
O Bruno já falou sobre o seu passado, a violência doméstica que experienciou em casa, também o fato do fim do casamento dos seus pais ter afetado de forma como o Bruno e os seus irmãos cresceram. Essas condicionantes afetaram a forma como se relacionas com as outras pessoas?
Sou uma pessoa muito defendida. Nesse sentido, eu tenho muitas ressalvas em relação às pessoas, especificamente porque eu vivo num meio muito complicado. E você, como jornalista de uma revista respeitada, sabe que tem pessoas que te procuram e elas querem alguma coisa de você. E isso é normal. Você tem que defender, você tem que saber ter filtro e você tem que saber escolher as relações que são positivas para as duas partes. Acho que eu tenho essa defesa nesse sentido, de procurar entender o que a pessoa quer de mim, o que eu posso esperar dela e o que ela pode esperar de mim, o que eu estou disposto a dar para essa pessoa.
Mas o meu círculo de amigos é muito pequeno, muito fechado. E eu acho também que é humanamente impossível você ter milhões de amigos, ter relações saudáveis, nutrir e regar essas relações e ter uma pessoa com quem você pode desabafar. Hoje em dia é muito difícil se relacionar de uma maneira mais profunda. Então eu opto muito mais pela qualidade de relações do que pela quantidade. Até porque o meu lado profissional já me proporciona milhões de relacionamentos, eu conheço milhões de pessoas e eu preciso de pessoas que eu possa confiar. Acho que são as mais difíceis de encontrar.
E como é que funciona no amor?
Ah, tá bem difícil (gargalhada)!
Ainda é mais difícil selecionar, acredito.
É muito difícil. Eu namorei, eu sempre procurei ter relações mais longas, duradouras. São hoje em dia muito mais difíceis de ter, especialmente trabalhando com isso. O que é mais difícil é encontrar uma pessoa que entenda a sua vida.
Eu estou aqui hoje, mas meu telefone pode chegar uma mensagem e amanhã eu falar, 'não vou mais para o Brasil, vou para Los Angeles, vou para Índia, mudou tudo'. Então é muito mais difícil de entender, de se relacionar com uma pessoa que tem uma vida tão caótica nesse sentido. Então é mais difícil, mas eu acredito que Deus sabe de tudo. Nós temos aos planos divinos que eu acredito que estão para nós. Eu prefiro ter uma relação saudável e duradoura do que ter vários envolvimentos muito rápidos que vão consumir o meu emocional. A gente depende tanto do emocional para poder trabalhar, para poder viver, para poder fazer as coisas e você abrir porta pra uma pessoa vir te desestabilizar e tirar você do seu caminho, eu acho que não vale a pena. Por mais que as coisas sejam muito importantes, o amor seja muito importante, o sexo seja muito importante, eu acho que o mais importante é a relação que você tem com você mesmo. E a gente não pode dar muita abertura para as pessoas mexerem com isso.
Qual foi a situação que o seu trabalho lhe proporcionou, em que tenha ficado, 'uau! Eu cheguei aqui!'
Eu estava falando com a Laura, ela tem me acompanhado nos últimos tempos. E aí eu perguntei, 'pra você, como é que você fica? Você estava no meio de grandes estrelas'. E ela teve uma resposta muito parecida com a minha, talvez seja por isso que a gente trabalha junto. 'É que a gente vira uma chavinha para o modo trabalho que não interessa quem vai aparecer'. Estamos falando do compromisso com a audiência. Então, eu estou muito mais preocupado com o que eu vou entregar para as pessoas que estão me acompanhando do que com a minha satisfação pessoal.
Depois que eu termino o meu trabalho, aí demora um pouco, talvez eu tenha que tomar alguns vinhos. Aí eu falo... 'Gente!'. Nos meus primeiros Óscares, eu cheguei lá e eu estava tão assim... Quando eu voltei no avião para o Brasil, eu comecei a pensar...aí eu tive uma crise de choro, a aeromoça veio me perguntar 'você está bem? Você quer um remédio?'. E eu estava... Eu estava pensando em toda a minha trajetória, o que eu tinha acabado de fazer. Você imaginar que você vai estar ao vivo para o seu país inteiro, falando com as maiores estrelas do mundo e está todo mundo olhando para aquilo. É surreal! Mas se você pensar isso antes, você não consegue fazer. Claro. Vai te travar. É muita coisa acontecendo. Eu sempre fico nervoso. Acho que os Óscares foram um momento que eu virei e falei 'para onde mais eu posso ir?'
Mas aquela pessoa em específico, aquela pessoa que idolatrava?
Eu acho que eu consigo ver talento e admiração em... em tudo. Esses dias eu estava ouvindo uma música. Aí eu falei, 'gente, como é que a pessoa pensou que nessa hora da música ela tinha que falar, ah!'. Eu falei, gente, que talento! Que percepção! Que coisa maravilhosa! Então eu acho que isso é uma curiosidade que eu tenho que me torna um pouco genuíno.
Mas uma pessoa que eu achava incrível, assim, magnânima, quando me falaram 'você vai ter uma entrevista com ela', foi a Lady Gaga. Já tive a oportunidade de a conhecer nos Emmys. Tem até uma história engraçada, pisei na cauda do vestido dela sem querer (risos)! . Fui entrevistá-la e ela foi super tranquila, super querida. Mas quando você vai entrevistar, sentar-se de frente a frente com uma pessoa, a relação é diferente, você sabe. E ela foi tão generosa, de olhar no olho, e de conversar e se pôr disponível. Que a gente sabe que muitas vezes a pessoa não tá afim, não quer falar, está chata, te impede de fazer o seu trabalho. E é horrível. E ela foi uma pessoa que eu sempre admirei muito. Passei a acompanhar mais ativamente o trabalho dela, acho até que eu virei um little monster [nome dos fãs de Lady Gaga] depois de conhecê-la. Acho que a gente tem encontros muito saudáveis e são pessoas que eu acho que a gente começa a entender porque elas estão ali.
Mas agora essas pessoas também já o conhecem.
Já, já. Ainda mais que eu fiz essa coisa do chapéu, né? E as pessoas me relacionam muito. E eu acho engraçado isso porque virou uma marca. Que é até difícil. Às vezes eu falo, 'ah, eu não quero mais o meu chapéu, vou tirar'.
Quantos tem?
Tenho mais de 20.
"Quando comecei a trabalhar muito e pude ter dinheiro para comprar uma casa, a primeira opção nunca foi para mim. Foi para minha mãe"
Pensei que eram mais.
Não, mas é porque eles vão ficando surrados. Então eu tenho que trocar. Eu acho que eu criei uma marca forte. Independentemente da minha forma física, eu acho que Hugo Gloss é uma marca forte. Uma vez eu fui para o aniversário da Anitta, em Las Vegas. E estava na piscina do hotel antes da festa, não estava trabalhando. E aí, o meu sócio falou assim 'A Dua Lipa tá na piscina'. E eu, 'mentira, vamos lá ver ela, né?'. E aí, estava a Dua Lipa tomando seu bom sol, com o biquíni aqui pra baixo. Aí eu, com muita vergonha, falei 'Oi, Dua, desculpa eu te incomodar, vim te dar um oi, eu sou do Brasil, acompanho muito seu trabalho. Tenho um site de entretenimento, se chama Hugo Gloss'. Ela falou 'I know Hugo Gloss. You're amazing, thank you for your support'. Aí eu falei, 'hã?'. Ela não tinha obrigação de falar comigo nem de ser simpática e e ela falou isso. Acho que todo carinho e dedicação que eu coloco no meu trabalho é reconhecido. Até por pessoas de fora. Esse dia especificamente foi uma coisa que que me deu um quentinho no coração.
Num vídeo que fez para a "Casa Vogue", pode ver-se um quadro em sua casa que diz "a riqueza é para ser gasta". Quais é que são os seus prazeres em termos de gastos?
Ah, eu sou uma pessoa tão inusitada. E a minha relação com o dinheiro é tão estranha. Porque, primeiro que eu não achava que eu ter dinheiro. Então, aí quando você tem, você fala, ah, 'será que eu posso fazer isso? Será que eu devo? Mas isso custa tanto dinheiro, isso custa tanta coisa. Eu posso ajudar tanta gente fazendo isso'.
Então, eu estava caminhando ali pelo Chiado. E aí, tem a loja da Vista Alegre, que é uma marca com 200 anos, uma das mais famosas do mundo. Tinha uma coleção lá, meio pop, do Christian Lacroix. Aí, eu falei, 'eu vou comprar umas peças'. E aí, comprei. Eu gosto de coisas bonitas. Eu não gosto de coisas para mostrar para os outros. Eu compro para mim, as coisas que eu gosto são para mim. Gosto de coisas bonitas, gosto de joia, gosto de roupa. Gosto de arrumar minha casa bem bonita. Porque é onde eu fico, é onde eu gosto de viver. Então, eu gosto de coisas para mim. Eu amo dar presente, eu amo. Eu acho até que é uma das minhas linguagens do amor. Eu acho que o dinheiro é uma coisa para ajudar a gente a viver melhor. E se agradar, a gente trabalha para isso. Obviamente, quando você pode, né? E o dinheiro que eu tenho, que eu posso fazer alguma coisa, eu gasto assim.
Quando é que se muda para Portugal? Ou pelo menos compra uma casa em Portugal?
Minha filha, eu não comprei uma casa nem no Brasil.
Ah não? Eu achava que tinha casa no Brasil porque vi um vídeo no Youtube em que diziam que o Bruno tinha quatro casas no Brasil. Afinal, eram fake news.
Eu?! É tudo mentira. Eu tenho uma casa em Brasília onde mora a minha mãe, que eu dei para ela. Então, não, não tenho quatro casas. Não sei nem porque eu teria quatro casas. Eu acho que o meu conselheiro financeiro nem ia deixar eu ter tanta casa assim (risos)!
Há uma frase de um filme "Sweet Home Alabama", da Reese Witherspoon, em que ela diz "você pode ter raízes e asas". Essa frase me define. Porque eu tenho as raízes, tenho minha família, mas eu gosto de voar pelo mundo. E você tem que ter para onde voltar. Quando comecei a trabalhar muito e pude ter dinheiro para comprar uma casa, a primeira opção nunca foi para mim. Foi para minha mãe. Que para mim é a melhor pessoa do mundo. Que tem que viver muito bem até ela sair dessa vivência, dessa encarnação. Teve alguns anos que eu ficava mais fora de casa do que na minha casa. Então não fazia sentido. E agora eu comecei a pensar assim, 'ah, acho que tá na hora. Daqui a pouco eu vou fazer 40 anos'. A minha mãe falou pra mim também 'meu filho, tá na hora de você comprar uma casa. Pensa na sua velhice. Você não vai viver assim pra sempre. De um lado pro outro'. Agora chegou a hora de você começar a pensar nisso. Mas ter quatro não tem porquê. Pronto. Internet.