Cantor, compositor e comentador de televisão. António Ferrão, de 57 anos, mais conhecido como Toy, consegue fazer o pleno e ter projetos em simultâneo nas diferentes estações de televisão nacionais. Em entrevista exclusiva à MAGG, o cantautor refere que o seu "patrão não são as televisões, mas sim o público", admitindo que a sua carreira tem passado por vários palcos.

Atualmente, desempenha a função de diretor musical na telenovela "Amor, Amor", da SIC, para a qual compôs uma banda sonora feita de 20 canções. "Inspirei-me nas personagens e na personalidade de cada uma delas", diz à MAGG.

O convite surgiu depois de já ter mostrado vontade de fazer um trabalho do género. "Isto já tinha vindo de conversas com pessoas ligadas ao audiovisual, com quem vamos falando ao longo da vida", confessa, acrescentando não hesitou em aceitar o desafio. Toy começou a escrever os temas da banda sonora, bem como a canção do genérico de "Amor, Amor", no último verão. A telenovela está em exibição na antena da estação de Paço de Arcos desde 4 de janeiro.

Numa novela em que os atores se transforma e cantores, quisemos saber qual foi a maior surpresa. "Posso dizer que todos me surpreenderam. O Ricardo [Pereira] é um grande ator, que não é cantor, mas tem uma forma fantástica de trabalhar e tudo aquilo a que se propõe ele consegue fazer. A Rita Blanco também é muito afinada e conseguimos fazer coisas incríveis. Não conhecia  a Filipa Nascimento, que tem uma voz muito bonita", afirma.

Mas nem só de música se faz o toy nem esta conversa. O agora também comentador do "Big Brother", lembra os tempos em que também ele foi protagonista de um reality show na antena da SIC. "Na Casa do Toy" esteve em exibição entre 2002 e 2003, período durante o qual mostrava a vida em casa com a família e também alguns pormenores da sua profissão. "Não tinha de obedecer a ordens nem regras. Era a vida normal de um homem que vive da música e que tem família".

Comentador assertivo no "Big Brother"

Numa comparação com o seu reality show, Toy considera que no "Big Brother" "as pessoas saem do seu habitat natural" e que têm regras para cumprir, o que não lhe acontecia. E fala da experiência de estar agora, do lado de cá, a falar sobre o que se passa na casa: "Dou exemplos de comportamentos e atitudes que poderão ser bons exemplos para a sociedade. Quanto aos maus exemplos, dou sempre a minha opinião tendo em conta que não sou o dono da verdade".

Todas as pessoas têm alguma coisa interessante para partilhar connosco.

Ainda que a assertividade seja palavra de ordem, deixa também espaço para o bom humor, até porque já o vimos várias vezes a pegar na guitarra e fazer versos de improviso em direto. Admite que tem uma "flexibilidade de discurso muito grande" e que tem noção dos seus talentos. Há pessoas que nascem bonitas, outras com jeito para cantar ou para fazer roupa. Já eu nasci com jeito para a música e fazer outras coisas interessantes".

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Apesar de não existir o segredo para o sucesso, o artista revela três factores que diz serem fundamentais em qualquer carreira: "O mais importante é a experiência de vida nos palcos. Mas também a mistura com o talento e muito trabalho fazem a diferença para conseguir surpreender o público".

Já escreveu letras de músicas para filmes, telenovelas e até outros cantores, e recorda com carinho a que criou para o "Buéréré", programa infantojuvenil apresentado por Ana Malhoa na SIC, entre 1994 e 1998. "Sabia que o programa da Ana Malhoa ia ser um sucesso e aquela música foi um sucesso também".

Mas é como cantor romântico que o conhecemos e não há como fugir ao hit "Estupidamente Apaixonado", que, considera, demorou mais tempo a tornar-se um sucesso. E justifica: "É uma música romântica e que demora mais tempo a chegar ao coração das pessoas. Além disso, eu não sou uma pessoa perfeita de 1,80 metros. É mais difícil ser cantor romântico quando somos baixos e um bocadinho gordinhos", ironiza o cantor.

O compositor refere que nem só o talento para a música é importante para conquistar vários tipos de público. "A vertente humana é muito importante. Tenho amigos de todas as idades e sei estar num convívio com vocabulário muito alternativo, dependendo também da cidade e das pessoas com quem estamos". Há três assuntos que diz dominar e que fazem a diferença na hora de "fazer conversa" com qualquer pessoa: "Quando um tipo é novo, fala de mulheres. Quando é de meia idade, fala de restaurantes. E quando é velho, fala de medicamentos", conta Toy à MAGG, em tom de brincadeira.

A família é o seu pilar e é com ela que tem passado mais tempo devido à situação de pandemia. "Não tem sido fácil, mas tenho a sorte de ter uma mulher fantástica e uma filha que ainda vive connosco. A minha outra filha vive na casa dela e o meu filho vive na África do Sul com a minha nora e a minha neta, o que dificulta o contacto. Mas amo-os muito e sei que eles também me amam".

Toy é casado com Daniela Correia, de 39 anos. O cantor é pai de Beatriz, de 18 anos, de Lara, de 28, e de Leandro, de 36.