Sara Sá, 37 anos, é vegetariana há nove anos, vegan há sete e praticante de ioga e meditação. Hélder Miranda, o namorado de 36 anos, partilha deste estilo de vida, e ainda que coma derivados, já há muito deixou a carne e o peixe.

Juntos há mais dez anos, aos poucos foram-se direcionando para uma vida mais minimalista, dedicada às viagens em vez de aos bens materiais e, por isso, começaram a entrar em conflito com aquilo que as profissões os obrigavam a ser no dia a dia. É que Sara trabalhava na área do marketing e relações públicas na área da beleza e Hélder também trabalhava em marketing, mas numa empresa de informática.

"Todos os dias tentávamos vender coisas às pessoas quando nós não acreditamos nesta sociedade de consumo excessivo", conta Sara à MAGG. Ainda assim, estavam no topo da carreira e, à parte deste conflito de interesses, a verdade é que gostavam do que faziam.

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Mas quando, em viagem pela Indonésia e pela Tailândia, se depararam com comunidades com estilos de vida mais simples, perceberam que era a esse grupo que preferiam pertencer. "Viemos de lá a pensar em formas de deixar na mesma as pessoas felizes, mas sem fazerem depender essa felicidade dos bens materiais", refere Sara.

Já de volta a casa, neste caso, ao Porto, delinearam uma estratégia para juntar num só local tudo aquilo que já fazia parte do seu dia a dia. E não é que conseguiram? Agora é no Manna que podem encontrar este casal que quer dar ao Porto um refúgio de bem-estar.

Este espaço fica em plena baixa da cidade e junta num só sítio ioga, meditação e um restaurante com comida vegetariana, sazonal e que privilegia a produção nacional. Aliás, todo o espaço transpira português.

Na decoração, destacam-se as madeiras das mesas e cadeiras sem tratamentos químicos da Boa Safra, e as fotografias nas paredes —que também estão disponíveis para venda — são da autoria da fotógrafa Maria Oliveira.  Os guardanapos são feitos à mão, pela Cláudia Alemão, responsável pelo projeto Bicla, e as louças foram produzidas pelo ceramista português João Abreu Valente exclusivamente para o Manna.

No restaurante há uma fonte de água filtrada, plantas naturais e estantes repletas de livros e revistas sobre fermentação, café, pão, meditação, ioga, natureza ou sustentabilidade – temas pelos quais Sara e Helder se interessam. E que esperam que suscite também a curiosidade de quem procura o Manna para escapar do ritmo de uma cidade.

Ioga e comida que nutre

Ainda que sejam fãs de cozinhar, não o conseguiriam fazer para as 50 pessoas que cabem no restaurante. Por isso, muniram-se de uma equipa com a qual partilham os mesmos valores e juntos criaram uma carta que vive do que lhes chega de produtores locais.

A carta é curta para que a sazonalidade seja respeitada e é por isso que o prato do dia (9€) é diferente todos os dias. Faz parte do menu de almoço e custa 11€, quando acompanhado pela sopa e um chá e 11,50€ vinho ou cerveja e um café. Mas há ainda outra opção: uma socca, uma espécie de panqueca feita com farinha de grão, que também pode ser transformada em prato do dia.

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Ao longo do dia, há um menu fixo que serve tanto para pequeno-almoço, lanches ou para um almoço mais leve. Aqui entram as tostas, as papas de arroz integral, as panquecas e os ovos. O pão é de fermentação lenta e pode vir acompanhado de manteiga, azeite, compotas, ghee ou manteiga de amêndoa ou avelã. Ah, e há sopa, a qualquer hora do dia. “Há pessoas que comem sopa ao pequeno-almoço, como eu, e em Portugal nunca conseguia encontrar uma sopa antes do meio-dia”, refere Sara.

Os doces variam todos os dias e pela montra já passaram bolo de dióspiro com crumble de amêndoa, bolo de laranja e amêndoa com sementes de papoila e glacé de laranja, bolo de pera e amêndoa perfumado com água de rosas, bolo de banana com toffee de banana, bolo de cacau e amêndoa com pera e avelãs. Bom, o melhor mesmo é lá passar e espreitar pelo vidro para ver o que é que a cozinha inventou desta vez.

E já que lá vai, aproveite para tirar um tempo para si, seja numa aula de ioga ou nuns minutos de meditação. É que no Manna, há uma sala onde a prática de ioga é constante, todos os dias da semana, com vários professores. Hatha, Asthanga ou Vinyasa são alguns estilos de disponíveis, e as aulas são abertas a qualquer nível de experiência.Ao lado, há uma sala dedicada à meditação, mas aqui não há professores. "A ideia é que as pessoas usem esse espaço antes ou depois da prática de ioga ou simplesmente a procurem para desligar uns minutos", explica Sara.Abertos desde 1 de dezembro, Sara e Hélder estão felizes. Mais não seja porque deixaram de ter a mente e o corpo em conflito por fazerem algo em que já não acreditavam. Agora, comem saudável, fazem ioga e meditam no sítio que é quase uma casa para os dois e que esperam que seja também para o resto de uma cidade à procura de sossego.

Morada: Rua da Conceição, 60, Porto.
Telefone: 91 628 5608
Horário: 8h30 - 18h30. Sábado e Domingo 9h30 - 17h. Fecha à Quarta