A chegada da pandemia foi um golpe duro a vários níveis, mas é inegável que os setores do turismo e da restauração foram dos mais afetados. Com os dois confinamentos a ditarem o encerramento dos restaurantes, o take away e o delivery foram as únicas formas de estes espaços se manterem no ativo — e enquanto a maioria das áreas de negócio vieram por aí abaixo, as entregas de comida e as empresas dedicadas a essa atividade aumentaram em muito a sua atividade.
Foi o caso da Kitch, a startup portuguesa lançada em março de 2020, que acabou por ver o seu lançamento coincidir com o encerramento dos restaurantes. Pensada num mundo pré-pandemia, esta plataforma foi criada para "ajudar a melhorar o delivery para pessoas e restaurantes", diz Rui Bento, co-fundador e CEO da Kitch, numa conferência de imprensa a propósito da nova ronda de investimento da empresa, que vai permitir à marca consolidar a sua operação.
Por coincidência, o contexto do País aquando do lançamento da plataforma, que reúne dezenas de restaurantes em Lisboa e Porto, fez com que as operações da Kitch disparassem — até porque o delivery era a única forma de as pessoas conseguirem ter a comida dos seus restaurantes favoritos em casa.
E é esta uma das grandes diferenças da Kitch para plataformas de entrega de comida tão populares como a Uber Eats ou a Glovo: ao invés de grandes grupos de restaurantes, a empresa co-fundada por Rui Bento — que lançou e expandiu o negócio da Uber e da Uber Eats em Portugal — e Nuno Rodrigues, foca-se em restaurantes independentes, dos mais populares aos de bairro. "Sentimos que sempre existiu um desequilíbrio nessas aplicações. Havia muita fast food, mas poucos dos restaurantes favoritos dos clientes", salienta Rui Bento.
Para além de querer dar mais oferta aos consumidores, a Kitch também surge para apoiar os restaurantes, que se viram numa batalha para sobreviver com a pandemia. Assim, para além dos espaços que já funcionavam com a startup nacional — e que usufruíam da tecnologia às cozinhas físicas criadas apenas para o delivery, não sobrecarregando os restaurantes —, juntaram-se outros interessados em beneficiar dos produtos da plataforma. "Queríamos que os restaurantes não abdicassem da sua independência para serem digitais, e que conseguissem fazer estas vendas nas suas condições", acrescenta Rui Bento.
Com mais de 100 restaurantes parceiros em Lisboa e no Porto, com nomes sonantes como o grupo Sushi Café, 100 Maneiras de Ljubomir Stanisic, Boa-Bao, Soão e Confraria a outros populares como Miss Jappa, Reco Reco, Amélia e Musa, entre muitos outros, outra grande diferença da Kitch é que não vai encontrar a plataforma na internet ou para download como acontece com a Uber Eats, por exemplo.
Quase como um parceiro fantasma, que tem pouca visibilidade mas faz tudo para nada falhar no processo, o pedido de comida faz-se diretamente num site cedido pelo restaurante que escolher (parceiro da Kitch, claro está). Visualmente, o layout dos sites é o mesmo, bem como a forma de fazer o pedido e métodos de pagamento.
Mais de um ano depois do lançamento, a empresa teve uma segunda ronda de investimento no valor de 3,25 milhões de euros, destinados a "consolidar a presença do grupo em Lisboa e no Porto, servindo mais restaurantes e criando novos produtos", diz o CEO da Kitch. No entanto, Rui Bento não deixa de lado a hipótese de, no futuro, alargar as operações a outras cidades espalhadas pelo País.
Mas vamos ao que interessa: a comida chega a horas?
O delivery explodiu nos últimos meses, com as plataformas de entrega de comida a receberem um aumento exponencial de pedidos. E, claro está, os problemas intensificaram-se. Assim sendo, e já que a Kitch marca a diferença de muitas outras apps conhecidas no mercado, quisemos fazer a experiência.
Numa segunda-feira de manhã, tentámos agendar o nosso pedido de almoço — sendo que deve ter sempre em mente que deve procurar a opção encomendar no site ou redes sociais do restaurante que pretende. O layout do site é simples, organizado entre entradas, pratos principais e sobremesas e todos os passos para finalizar a compra bastante intuitivos. O pagamento tem apenas duas opções disponíveis: cartão de crédito ou MB Way.
Na zona de São Domingos de Rana (concelho de Cascais), fizemos o nosso pedido ao SushiCafé de Oeiras (o restaurante fica no Oeiras Parque) pelas 11:01h e agendámos a entrega para o intervalo horário das 13h-13h30. Depois de um e-mail de confirmação que chegou simultaneamente, onde fica descrito o pedido e um número de apoio para alguma eventualidade, apenas uma nota: o intervalo horário estava errado, salientando que o pedido de entrega tinha sido agendado para as 12h30-13h.
Pelas 12h46, um segundo e-mail, desta feita com a indicação que o nosso almoço já estava a ser preparado nas cozinhas do restaurante, bem como uma hiperligação para o site, permitindo assim seguir o estafeta assim que o mesmo começasse o seu caminho até ao local de entrega.
Às 13h21, nove minutos antes do limite máximo do intervalo de entrega, o pedido chega bem acondicionado, em caixas bem seladas e com todos os utensílios complementares. Dado que o almoço era sushi, para além de guardanapos e pauzinhos, chegam ainda dois pacotes de molho soja e uma pequena caixa com wasabi e gengibre.
À exceção de uma peça que deve ter tombado pelo caminho e chegou um pouco mal tratada, todo o resto do pedido, que incluía um temaki, sashimi, gunkans e makis chegaram em boas condições, frescos e com o sabor fabuloso já característico do SushiCafé.
Quanto à logística da Kitch, nota máxima: site simples e intuitivo para encomendas, números de apoio, horas de entrega cumpridas e ainda simpatia do estafeta.